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“O Endurance. Encurralados no Gelo”

Uma aventura extraordinária em que a sobrevivência só foi possível graças à liderança carismática de Shackleton. Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
  • Marta Teives
17 Agosto 2019, 10h15

Hoje, consultar um mapa da Antártida é quase como assistir a uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque, dada a quantidade de território reclamado pelos vários países que aí detêm interesses, apesar de ser um continente que não pertence a nenhum país em particular.

Pelo menos, será assim até 2040, ao abrigo de um tratado assinado em 1959 por 12 países, entre os quais estão os sete que reclamam o continente para si – e cujas pretensões territoriais chegam a sobrepor-se umas às outras –, que acordaram em partilhá-lo com fins pacíficos e científicos: Argentina, Austrália, Chile, França, Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido.

 

Atualmente com 54 subscritores do tratado, a Antártida alberga algumas dezenas de observatórios e campos dedicados à exploração científica, albergando cientistas de várias nacionalidades, como chineses (um dos seus observatórios chama-se “Grande Muralha”), coreanos, japoneses, brasileiros, russos, indianos, checos e alemães, entre outros.

Há pouco mais de um século, este continente quase completamente coberto por enormes glaciares era considerado a última fronteira. Ao contrário do Ártico, que já era explorado intensamente desde o século XVI – então para encontrar rotas comerciais entre a Europa e o Oriente – hoje para encontrar petróleo, a Antártida era terra incógnita.

Em agosto de 1914, poucos dias antes do início da Primeira Guerra Mundial, o famoso explorador irlandês Ernest Henry Shackleton, acompanhado por uma tripulação de 27 homens, partiu em direção ao Atlântico Sul, em busca do último prémio ainda não reclamado da história da exploração polar: a primeira travessia a pé do continente antártico. Abrindo caminho através do gelado mar de Weddel, distavam apenas 160 km do seu objetivo quando o navio, o Endurance, ficou preso no gelo.

Em breve seria esmagado como se fosse uma caixa de fósforos, deixando a tripulação a flutuar na superfície das placas geladas. A sua terrível provação iria prolongar-se por 20 meses, tendo feito duas tentativas quase fatais de escapar por barco até serem por fim resgatados, sem uma única perda humana. À frente de três expedições britânicas à Antártida, Shackleton foi uma das maiores figuras daquela que ficou conhecida como a Idade Heróica da Exploração do mais meridional dos continentes da Terra.

Em “O Endurance. Encurralados no Gelo”, Caroline Alexander relata esta extraordinária aventura em que a sobrevivência só foi possível graças à liderança carismática de Shackleton. A edição portuguesa, da Planeta, inclui fotografias inéditas de Frank Hurley, o fotógrafo australiano da expedição, cujo registo visual da viagem nunca tinha sido publicado na íntegra.

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