[weglot_switcher]

O erro propositado de trocar a autonomia pela independência

A ideia sobre a independência da Região Autónoma da Madeira já está ultrapassada, pelo menos no tempo, porque a bem da verdade existiu realmente uma chance de isso acontecer. Outros tempos onde existiu um entrave ao crescimento e onde os murros na mesa tinham outro peso.
24 Fevereiro 2021, 07h15

Costumo dizer quando estou na Madeira que pertenço ao Porto Santo, fora da Região sou madeirense e fora do meu país sou português. Exactamente por esta ordem de importância. Vem isto a propósito da nova vaga de discursos independentistas que aos poucos começa a preocupar. A ideia sobre a independência da Região Autónoma da Madeira já está ultrapassada, pelo menos no tempo, porque a bem da verdade existiu realmente uma chance de isso acontecer. Outros tempos onde existiu um entrave ao crescimento e onde os murros na mesa tinham outro peso.

Pressupondo que estamos muito longe de chegar ao ponto de uma revolta da farinha dos tempos modernos é preciso recordar também que ao nível jurídicoconstitucional a coisa não acontecia. É preciso falar claro para as pessoas e todos sabemos que quando este tema é reavivado existem sempre duas certezas, sendo que a primeira é o discurso ser iniciado por quem governa a Região e que alguém no governo central está a dificultar a vida a quem tenta gerir da melhor maneira a vida por cá. É factual que os governos da República não têm tratado a Região com o mesmo peso e medida se formos comparar com os Açores, por exemplo, mas é exactamente por isso que devemos chamar os bois pelos nomes. O intuito é mais autonomia e não a independência.

Hoje os problemas são maiores que a disponibilidade financeira e a verdade é que o dinheiro não chega para tudo, mas mesmo assim tem sido assumido ao longo destes tempos responsabilidades da República. O passe sub-23 foi um exemplo disso. Em que é que os estudantes madeirenses são inferiores aos estudantes continentais? Hoje é uma realidade graças ao Governo Regional. A comparticipação dos medicamentos dos polícias é outra falha incompreensível e em dois casos simples a República falha em dois pilares fundamentais de uma sociedade. Demitem-se simplesmente das suas obrigações com a anuência do Partido Socialista da Madeira. Nem uma palavra ou intenção em benefício da Região a não ser pedir as mesmas condições que os Açores após estes terem perdido aquela região.

Neste tempo complicado que vivemos é preciso clareza e objectividade no discurso da parte de todos. Existem preocupações no imediato que não devem ser secundarizadas sob um pretexto de uma falsa independência. Isto leva-me a questionar: onde está o lobbie da Madeira nos centros de decisão?

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.