O filme chinês que faturou mil milhões e desafiou a supremacia de Hollywood

“Nezha 2” tornou-se o filme mais visto na história da China, dias depois de ter estreado e batido o recorde de receitas, ao atingir 1,3 mil milhões de euros num único mercado. A fita superou “Star Wars: O Despertar da Força”, que rendeu 936 milhões de euros nos EUA em 2015. O sucesso de “Nezha 2” deu novo fôlego a uma indústria em dificuldades: em 2024, a bilheteira chinesa arrecadou 42,502 mil milhões de yuan (cerca de seis mil milhões de euros), menos 22,5% do que em 2023.

O enredo baseia-se num romance do século XVI e aproveitou tanto a crescente procura por produtos inspirados nas histórias tradicionais chinesas quanto o orgulho nacional pelo progresso tecnológico da China, como prova o DeepSeek, o fenómeno de inteligência artificial chinês que se tornou a aplicação gratuita mais descarregada por utilizadores de iPhone em várias partes do mundo.

As produções chinesas cinematográficas dominaram o mercado doméstico em 2024, gerando 78,7% das receitas totais. As autoridades chinesas limitam o número de filmes estrangeiros, com um sistema de quotas que permite a exibição até 35 produções por ano. O governo implementou também um pacote de incentivos para estimular o consumo, incluindo vales de desconto para bilhetes de cinema. Recorde-se que o setor tinha sido bastante afetado durante a rigorosa política ‘zero covid’, que levou ao fecho de muitas salas de cinema.

Nezha é uma figura mitológica muito popular na China, frequentemente representado como um jovem guerreiro que luta contra as forças do mal. A história é repleta de batalhas épicas, magia e dilemas morais. Segundo a agência oficial Xinhua, o impacto deve-se à narrativa envolvente, à forte ligação com a cultura chinesa e à impressionante qualidade visual.

A embaixada chinesa em Washington publicou vídeos do trailer do filme, exibido na Times Square, e nas contas no Facebook e TikTok. Apesar da popularidade na China, “Ne Zha 2” não será exibido em muitos cinemas fora das grandes cidades nos EUA. Ainda é cedo para saber se o público americano conseguirá entusiasmar-se com a história.