[weglot_switcher]

O mundo está melhor que nunca? Sim, e há sete razões que o provam (defende casal Gates)

Filantropos Bill e Melinda Gates esforçam-se em mostrar as melhorias que se verificam no mundo atualmente durante a conferência Goalkeepers 2017. A fome diminuiu, a esperança média de vida aumentou. O que mais melhorou?
  • Kamil Zlhnioglu/Reuters
21 Setembro 2017, 15h17

Bill Gates, um dos maiores filantropos globais, está empenhado em convencer as pessoas de que o mundo não está ‘tão mal como parece’ e, apesar de “ninguém poder garantir um futuro seguro e próspero, o certo é que há dados que mostram que, ao contrário do que possa parecer, estamos melhor que nunca”, escreve o El País.

Na conferência Goalkeepers 2017, que marca a 72ª Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGA), organizada por Gates, o antigo presidente norte-americano falou e reiterou a mensagem que “quase qualquer problema está melhor hoje do que há 50, 25 e até 10 anos atrás”.

Obama sabe que “nem tudo é perfeito. Nem tudo está bem. Nem tudo melhora à velocidade que gostaríamos. Mas as coisas estão melhores. E melhor é bom. O mundo nunca foi mais saudável, mais educado, mais tolerante e menos violento “, afirmou no seu discurso, segundo o jornal espanhol El País.

Mas, afinal, o que melhorou?

A primeira parte da conferência dedicou-se à igualdade de género, com Melinda Gates a contar a história do início do seu projecto filantrópico, em que deu conta que afinal, antes de se concentrar na tecnologia e ciência como motor de desenvolvimento, era necessário atingir a igualdade entre homens e mulheres.

Também Justin Trudeu, primeiro-ministro canadiano, reforçou a questão da igualdade: “a melhor maneira de alcançar a equidade é apoiar as mulheres. Quanto mais o fizermos, mais rápido alcançaremos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. É assim tão simples. Podemos alcançar um mundo mais justo, mas apenas se as mulheres tiverem um papel de liderança “.

Obama relembra que muito mudou: “Há 100 anos, apenas um pequeno grupo ao redor do mundo poderia votar, hoje são uma grande maioria”.

Outro tema da conferência foi o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Uma realidade crescente mas que, até há bem pouco tempo, nem era discutível. O direito de pessoas do mesmo sexo poderem contrair matrimónio vigora atualmente em 23 países, prevendo-se aumentos anuais neste dado.

A diminuição da mortalidade infantil é também uma ‘boa notícia’ ao meio das guerras e conflitos. Desde 1990 salvaram-se cerca de 120 milhões de crianças, principalmente graças à vacinação. Nesse ano, contabilizaram-se mais de 12 milhões de mortes em crianças com menos de cinco anos, um número que diminuiu para menos de metade em 2016.

Ainda assim, há muito trabalho a ser feito neste campo. Cerca de 20% das crianças não recebe medicamentos, sendo que grande parte do problema tem que ver com a falta de refrigeração que impossibilita a conservação.

Bill Gates e a sua organização focam esforços nestas questões, avançando com dois projectos que pretendem melhorar a situação: um deles é um género de dispositivo que permite manter as temperaturas baixas por mais de um mês, o outro, um frigorífico que promete manter o frio mesmo com interrupções na energia.

Além de salvarem vidas, as vacinas proporcionam qualidade de vida. Segundo os dados da Unicef, actualmente existem 16 milhões de pessoas que caminham mas, estariam numa cadeira de rodas por causa da poliomielite caso não existisse medicação.

O aumento da esperança de vida é um facto. No princípio do século passado existia uma esperança média de vida de 32 anos. Hoje, espera-se que uma pessoa viva em média até aos 72 anos, apoiada pelo avanço no saneamento e higiene, que se assumem como os factores mais relevantes neste campo.

O problema da fome. Há uns dias a FAO noticiou que a fome aumentou pela primeira vez nas últimas três décadas, ainda assim, verifica-se avanços neste problema com o passar dos anos. Hoje, 11% da população está com fome, em comparação com quase 15% em 2005.

A desnutrição em crianças menores de cinco anos apresenta decréscimo, ainda que pouco significativo dada a sensibilidade da questão: embora 155 milhões de crianças ainda sofram com fome, a redução desde 2005 foi de 6,6%, tendo passado de 29,5% para 22,9%.

Em relação à pobreza, “o mundo tem feito grandes progressos contra a pobreza e doenças, mas estão em perigo”, alerta Melinda Gates. “Intervir na saúde das mulheres e crianças é essencial para acabar com a miséria”, disse a filantropa após anunciar uma doação de 200 milhões de dólares para o programa ‘Todas as mulheres, todas as crianças’.

A última ‘boa notícia’ salientada na conferência é a diminuição da violência. Ao contrário da realidade que nos passa diariamente à frente, com a Síria, Birmânia, Coreia e restantes conflitos iminentes, os dados mostram que o mundo de hoje é menos violento do que nunca.

Apesar das estatísticas, a sociedade tem sérios desafios para resolver nos próximos anos, entre eles as alterações climáticas e as questões de saúde. Embora estejamos ‘a ganhar a luta contra as doenças infecciosas’, nomeadamente a SIDA, as doenças não-transmissíveis surgem de forma crescente e a resistência aos medicamentos ameaça o progresso, de acordo com o jornal espanhol. Realça-se ainda que a crise dos refugiados continua a aumentar e os Estados não parecem fornecer respostas apropriada.

“Os últimos 15 anos foram maravilhosos, mas nos próximos 15 podemos fazer ainda mais”, concluiu Bill Gates.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.