1. Estamos como Espanha no seu pior momento do ano passado. Os nossos 218 mortos do dia 19 de janeiro são equivalentes aos mais de mil mortos diários em Espanha no início da pandemia, em 2020, sendo que estes mortos estão relacionados com os cerca de cinco mil infetados do início do ano. Atualmente, temos uma média diária de infetados superior a 10 mil pessoas, o que significa ser plausível a duplicação do número de mortos no final de janeiro.

O Executivo está a colocar a responsabilidade do lado das pessoas, e isso é um facto para muitos que não entendem a gravidade da situação, mas o mesmo Governo não pode excluir o excesso de voluntarismo. Sempre pecou por se preparar sempre para o melhor e não para o pior.

O exemplo flagrante, numa altura em que se fala de encerramento de escolas, é o facto de o ministro da Educação ter defendido a continuação das escolas quando especialistas já tinham provado que estas são um foco de contágio, assim como os transportes públicos sobrelotados ou os espaços públicos fechados nos centros comerciais, situação agravada pela medida de redução de horários quando deveria ter sido o contrário.

Estamos a passar por aquilo que Espanha e Itália passaram nas piores semanas do ano passado. Mas enquanto esses países registam hoje, diariamente, centenas de mortos, nada é comparável ao nosso número versus o número de habitantes.

E como houve excesso de voluntarismo não se prepararam camas e não se acautelou, quando acautelar sairia mais barato. Possivelmente, o Executivo terá sido mais assertivo no início da pandemia, depois relaxou, prometeu vacinas e deixou a população cair na tentação de que tudo estava a passar.

Agora temos a economia parcialmente fechada, mas terá de fechar mais e o impacto económico será bem pior do que no ano passado. Temos empresas mais fracas, menos dinheiro e o aproximar do fim das moratórias. O que fazer? É hora de gastar dinheiro a sério nas vacinas, de fechar mais a economia e de confinar a população.

2. O tema SEF – Serviços de Estrangeiros e Fronteiras está longe de esgotado. É um atraso para a sociedade perder um órgão policial especializado que consumiu grande volume de investimento em formação para se chegar a um serviço de elite.

Este acaba repentinamente com as funções divididas por quatro entidades, sendo que ao SEF – que terá nova designação – caberá apenas o papel administrativo. Esta foi a polícia criada para o espaço Schengen e que fará regressar a GNR e a PSP ao controlo de fronteiras terrestres, marítimas e aéreas.

Ao ‘defunto’ SEF faltou a proteção da tutela quando mais precisava, e cai por um inqualificável abuso. O SEF precisava de proteção, tal como irá precisar a nova entidade administrativa, pois é por ela que passam os Vistos Gold ou as legalização de cidadãos estrangeiros. Esta atividade sempre esteve sob forte pressão e não será uma autoridade administrativa que vai acabar com a manipulação que os poderes públicos e os poderes políticos sempre lhe quiseram impor.

As pressões sempre existiram e uma autoridade pública administrativa normal é, claramente, um passo atrás. Relembremos que a emissão de documentos é matéria de segurança nacional.

3. O grande volume de eleitores para o voto antecipado reflete a vontade do regresso à política e à tomada de decisões por parte dos eleitores. Os políticos profissionais que se cuidem.