A procura de um entendimento entre a Alemanha e a França para a criação de um orçamento da zona euro é um assunto relevante para Portugal e para a moeda única.
Uma das principais críticas à União Económica e Monetária (UEM) é que os benefícios da moeda única deveriam ser mais equilibrados entre os participantes. Por serem transversais, a política monetária e a evolução cambial podem beneficiar uns e prejudicar outros. Não existindo uma política orçamental comum, nem mecanismos de fungibilidade entre as dívidas públicas nacionais, o Eurogrupo depara-se com a escassez de ferramentas que permitam compensar os desequilíbrios e que promovam a convergência.
Quando, em novembro de 2012, Angela Merkel visitou Portugal no pico da crise, ficou clara a sua perceção de que para salvar a “moeda única” não se poderia deixar cair os integrantes do euro que estivessem em dificuldades. O rigor orçamental continuará a ser a pedra de toque, mas as reformas económicas ganharão importância. A construção do euro tem lacunas e a existência de uma ferramenta de transferência orçamental entre os integrantes da UEM é uma das formas de as mitigar.