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“O Padrinho”: De 1972 para a Netflix de 2020

Vou fazer-lhe uma oferta que ele não pode recusar”. A oferta? Estamos convidados para ver “O Padrinho” na Netflix.
22 Março 2020, 16h30

Vou fazer-lhe uma oferta que ele não pode recusar”. A oferta? Estamos convidados para ver “O Padrinho” na Netflix. A famosa frase é atribuída a Marlon Brando, ou Don Vito Corleone, naquele que é considerado um dos melhores filmes de sempre, com uma pontuação de 9,2 em 10 na base de dados cinematográfica IMDB.

Diretamente de 1972, passando pelo VHS, “O Padrinho” regressa à atualidade na Netflix. Para os mais jovens, a aquisição pode ter passado despercebida, mas a plataforma de streaming adicionou a 1 de março uma das trilogias mais aplaudidas da história do cinema.
O produtor, guionista e realizador norte-americano Francis Ford Coppola adaptou a obra de Mario Puzo e transformou-a num dos maiores clássicos cinematográficos de sempre. O elenco que protagonizou os filmes foi de luxo, com nomes como Marlon Brando, Al Pacino, Robert De Niro, Robert Duvall, James Caan, Diane Keaton, Talia Shire e John Cazale. A primeira parte da trilogia chegou a Portugal em outubro de 1972, e as seguintes estrearam em outubro de 1977 (nos EUA, a estreia ocorreu em 1974), e em 1990.

São 537 minutos, ou 8 horas e 57 minutos, de pura emoção, regresso ao passado, de um Brando que já não está entre nós, de um Al Pacino rejuvenescido, até à estreia do primeiro filme quase desconhecido do público, e de breves vislumbres de um De Niro com sotaque siciliano a interpretar VitoCorleone quando jovem.

A poderosa imagem de mafiosos altivos e respeitados na América perdura na memória de muitos portugueses, e com razão. Marcou as três últimas décadas do século passado, e ainda hoje os jovens de antigamente retêm alguns dos melhores diálogos alguma vez ditos para a câmara, onde as armas são dadas e os canollis devolvidos. Também os ensinamentos da Máfia permanecem. Michael Corleone, a personagem interpretada por Al Pacino, ensinou que nunca devemos odiar um inimigo, pois o ódio transbordado tolda o julgamento de qualquer um.

O primeiro filme arrecadou três Óscares em dez nomeações. Marlon Brando venceu na categoria de Melhor Ator, enquanto Francis Ford Coppola e Mario Puzo arrecadaram o Melhor Argumento Adaptado e a noite encerrou com o galardão de Melhor Filme. Dois anos mais tarde, em 1975, foram seis estatuetas em 11 nomeações para a sequela: Melhor Filme, Melhor Realizador (Coppola), Melhor Ator Secundário (De Niro), Melhor Argumento Adaptado (Coppola e Puzo), Melhor Direção Artística e Melhor Banda Sonora. E até o terceiro ‘Padrinho’ mereceu sete nomeações (incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador), embora não tenha levado uma única estatueta para casa.

A trilogia sempre foi aplaudida pela crítica, mesmo quando Coppola disse que “O Padrinho II” nunca deveria ter sido produzido. O primeiro entra sempre no ‘top 5’ de todos os críticos, e as razões são, também elas, uma boa desculpa para o rever.

Brandon e Pacino fizeram das suas personagens pessoas reais, impossíveis de esquecer e, por ser uma história com início, meio e fim, “O Padrinho” é uma ovação de pé ao livro homólogo, que tão bem retrata a complexidade da natureza humana que se debate simultaneamente com a lealdade, criminalidade, família e mentiras. Sozinho, este foi o filme que deu novamente gás à Paramount, salvando-a da ruína certa, depois de “O Padrinho” ter feito uma oferta que os cinéfilos não conseguiram recusar.

Artigo publicado na edição de 20-03-2020 do Jornal Económico. Para ler a edição completa, aceda aqui ao JE Leitor

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