Já está oficialmente em Portugal a fintech mais valiosa da Europa, com uma aplicação financeira para pagamentos faseados de compras em três prestações. A Klarna tem uma espécie de centro comercial online, onde é possível comprar artigos de centenas de marcas sem juros ou taxas, porque o modelo de negócio do banco sueco é cobrar comissões de 2-3% por transação a essas mesmas lojas. “Cobrar taxas aos consumidores? Nunca o vamos fazer”. Palavra de Alexandre Fernandes Ribeiro, líder de business development da Klarna em Portugal.
Vamos a um exemplo: na app encontrou um casaco que custa 45 euros e pretende pagá-lo a prestações. Assim, pagará 15 euros no ato da compra, nos 30 dias seguintes mais 15 euros e 30 dias depois os remanescentes 15 euros. “A nossa ambição é dar serviços de pagamentos de uma forma simples, segura e suave. Sabemos que a pandemia trouxe consequências muito infelizes na vida de toda a gente, mas ao mesmo tempo começámos a ver certos comportamentos de consumo a mudar, a digitalizar”, explicou o porta-voz da Klarna.
Na apresentação oficial da Klarna em Portugal, Alexandre Fernandes Ribeiro – que nos últimos anos esteve no sector na aviação em empresas como a TAP, Iberia e Amadeus – cita os dados do Banco de Portugal que demonstram que a emissão de cartões de crédito em Portugal está a baixar 1,6% e a emissão de cartões de débito está a subir 1,8%. “O português quer pagar e quer pagar a débito”, afiança.
“O português não gosta de crédito. Não gosta do modelo de crédito tradicional. É exatamente aqui que o e-commerce tenta trabalhar para fazer de forma diferente, porque, por exemplo, a penetração do cartão de crédito em Portugal é muito baixa, cerca de 35%, quando comparada com a de outros países, como a Alemanha, onde é de 51%”, afirmou, em declarações aos jornalistas, um dia depois de o Jornal Económico noticiar a expansão.
A Klarna faz 2 milhões de transações diárias, tem licença bancária na Suécia desde 2017 e admite solicitar uma para o mercado português. Porém, considera que ainda é cedo para falar na dimensão da equipa nacional, apesar de estar a contratar talento no país, sobretudo tecnológico, nomeadamente de desenvolvimento de negócio, marketing, delivering managers, engenheiros.
“Parte do ADN da Klarna é começar pequeno e aprender rápido. Vamo-nos adaptar à dimensão do mercado. Somos um banco na Suécia e, como tanto a Suécia como Portugal fazem parte do Espaço Económico Europeu, utilizamos o conceito de passporting para operarmos diretamente em Portugal com a licença bancária sueca. Pedir uma licença diretamente em Portugal é algo que também não descartamos”, referiu Alexandre Fernandes Ribeiro.
A Klarna, que vale mais de 40 mil milhões de euros o que lhe dá o título de fintech mais valiosa da Europa, está presente em mais de 78 mil lojas físicas, tem 90 milhões de utilizadores ativos (com uma taxa de crescimento anual de 32,8%) e 250 mil comerciantes (marcas parceiras integradas), entre as quais as portuguesas Parfois, Salsa Jeans ou Farfetch.
Fundada em 2005, a empresa está presente em 19 mercados e tem sede em Berlim e Estocolmo. Há exatamente duas semanas, a Klarna anunciou que comprou o site de comparação de preços Pricerunner, que tem 18 milhões de utilizadores, por 930 milhões de euros para expandir a experiência de compras online e ser uma opção diferente às gigantes do sector tecnológico. “Além disso, confirma que Klarna não será um marketplace, mas uma alternativa viável e competitiva para parceiros de retalho versus Amazon, Google e Facebook”, sintetizou David Fock, chefe de produto da empresa, aquando da divulgação do negócio.
Entre os investidores da Klarna estão empresas de renome como a chinesa Ant Group, a Visa, o Softbank, a Permira ou a Atomito.
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