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O teatrinho cafofiano do caracacá e do curucucu

Vamos aos conteúdos: um vazio total programático, sem uma única ideia em concreto para a Região, apenas imagem, com perguntas do caracacá, que levaram respostas do curucucu, estando ainda eu e todos os madeirenses e porto-santenses para saber se a ideia que tem da Economia do Mar é meter a malta na ponta do cais do Funchal a pescar, a ver se apanha umas bogas para fritar ao almoço
11 Setembro 2018, 07h15

Antes de ir ao “teatrinho” pseudo-socialista que decorreu, sábado, na Rosa dos Ventos do Lido e, desde já, afirmo ter visto, algumas vezes, teatro infantil muito bom, muito competente e muito didáctico, qualidades que ali não aconteceram, tamanha foi a mediocridade, quer da encenação, quer dos conteúdos, digo sobre a entrevista do candidato sem palavra do PS-M no JM – a parte referente à cidade e à governação municipal – que não pude deixar de relembrar o livro de Italo Calvino “As Cidades Invisíveis”, em que Marco Polo, o narrador, conta ao grande imperador Kublai Khan como eram 55 cidades imaginárias por onde teria passado. Só faltou mesmo ler que tal como a cidade de Diomira, o Funchal tinha “70 cúpulas de prata, estátuas de bronze de todos os deuses, ruas lajeadas de estanho, um teatro de cristal, um galo de ouro, que canta todas as manhã no alto de uma torre” e árvores na Rua do Bom Jesus, bem como um “vice” que repete até à exaustão ter uma lâmpada mágica que esfrega e jorra dinheiro como nos filmes sobre os casinos de Las Vegas, fazendo-me lembrar, na suas historietas de operata para encantar e defraudar incautos o ministro da Informação do Iraque, no tempo de Saddam Hussein, de seu nome Mohammed Saeed Al-Sahhaf, sendo a única diferença que este parecia ter acabado de saltar do alto de um camelo e aquele tem uma estética mais urbana.

Dito está, voltemos, pois, ao espectáculo deprimente que aconteceu no passado sábado com o tal candidato plagiador (sim, volto a repetir a cena do plágio do artigo publicado no Diário de Notícias da Madeira e que a comunicação social regional fez e faz de conta que nunca existiu, como se fosse legítimo, hoje em dia, plagiar, como se isso não fosse um grande defeito de carácter, mais ainda num político que quer a tudo custo, sem olhar a meios, ser presidente do Governo Regional. Honra seja feita à Revista Sábado, nacional, pois claro, que já abordou nas suas páginas o assunto) e mentiroso (sim, volto a repetir a cena de ter dito e redito em pré-campanha e campanha eleitoral que não pensava na Quinta Vigia, que só o Funchal lhe interessava e que iria cumprir o segundo mandato até ao fim, enganado tudo e todos, incluindo os outros partidos que compuseram a coligação de 2017).

Deixando de lado a pindérica encenação messiânica e cool da coisa e do “coiso” (faço aqui uma singela homenagem ao meu professor de Literatura Oral e Tradicional, na UMa, João Adriano Ribeiro, Professor e Historiador com “P” e “H” grandes, recentemente falecido e que me deu 15, sem plágio, e que, nas aulas, usava os dois termos acima entre aspas, a torto e a direito) em si e até o formato, sendo certo que sou amante dos “Diálogos” de Platão e deles até tenho uma edição em francês, bem como damaiêutica socrática de conduzir os intervenientes à verdade, vamos aos conteúdos: um vazio total programático, sem uma única ideia em concreto para a Região, apenas imagem, com perguntas do caracacá, que levaram respostas do curucucu, estando ainda eu e todos os madeirenses e porto-santenses para saber se a ideia que tem da Economia do Mar é meter a malta na ponta do cais do Funchal a pescar, a ver se apanha umas bogas para fritar ao almoço, nem como são a Educação e a Saúde prioritárias e transformar-se-ão em “Shangri-La” se presentemente a Região já gasta cerca de 80% do seu Orçamento Regional nestes sectores, isto a título de exemplo, que com muito mais poderia gozar e certamente ainda o farei, então na área da Economia nem se fala, mas não agora, que a procissão ainda vai no adro.

P.S. Convinha alguém da “intelligentsia” que ciranda à volta do dito cujo, seja dos que estão a ver se mantém o que tem ou se são um dos “escolhidos” para outros voos, seja dos “wannabee quelque chose” que já há (pelo menos, assim tem sido), na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, um “pacto de regime” nas questões da Continuidade Territorial; é que nem isso o candidato sabe… E já agora, para terminar, o primeiro pacto feito na ALRAM para normalizar e dignificar o Parlamento Regional e consequentemente a política insular foi um esforço muito pessoal e arguto conseguido pelo ex-presidente do PS-Madeira, Carlos Pereira.

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