O Jornal Económico nasceu em 16 de setembro de 2016, como evolução do semanário Oje, cuja equipa foi reforçada por várias dezenas de profissionais do extinto “Diário Económico” – incluindo o autor destas linhas – e de outros meios de comunicação social.

Nascemos numa altura de crise generalizada no setor da comunicação social e o caminho não tem sido fácil. Mas hoje, quase dois anos depois, já somos a publicação de economia com maior audiência em Portugal, de acordo com os dados da primeira vaga deste ano do Bareme Imprensa, da Marktest. Somos também um dos três jornais portugueses de circulação nacional que aumentaram o número de leitores no último ano, no nosso caso com mais 12 mil leitores por edição, para uma média de 179 mil, o que representa uma audiência de 2,1%.

Este resultado, que muito nos honra e orgulha, também nos traz mais responsabilidade, pois lembra-nos que tudo devemos aos nossos leitores. A confiança do público é o maior ativo que um jornal pode ter e no JE temos consciência disso. Todos os dias damos o nosso melhor para merecer essa confiança e encontrar novas formas de ir ao encontro das necessidades dos nossos leitores.

O desafio que temos pela frente é, pois, conseguir inovar continuamente e conquistar novos leitores, parceiros e anunciantes todos os dias. Mas conseguir fazê-lo sem pôr em causa os princípios que justificam a existência de jornalistas e de jornalismo. Num mundo em acelerada mudança, em que as pessoas, empresas e instituições têm à sua disposição os mais variados púlpitos virtuais, o jornalismo só conseguirá sobreviver se efetivamente servir para alguma coisa: não para ser caixa de ressonância dos diferentes poderes, mas para selecionar a informação, validá-la e colocá-la em contexto, de modo a que os cidadãos possam fazer escolhas informadas, livres e conscientes. O reconhecimento do jornalismo como profissão de interesse público deve-se a este seu papel.

Tudo o resto – o combate ideológico, a militância de “causas”, a publicidade encapotada, as fake news e a arte, muito na moda, de “contar estórias” – já há muita gente que o faça, desde as estruturas de comunicação das próprias empresas, aos comentadores enviesados e aos bloggers. Mas só os jornalistas têm um código de ética a respeitar, para mais numa altura em que o escrutínio público sobre o nosso trabalho é particularmente intenso.

É por isso que os velhos valores do jornalismo, como a independência e a isenção, que até recentemente muitos consideravam ultrapassados, são o que vai permitir salvar o negócio da comunicação social. O renascimento a que estamos a assistir na imprensa dos Estados Unidos, com um crescimento significativo das subscrições digitais, é prova disso. As marcas de informação que conseguiram ultrapassar a crise e reiventar o seu modelo de negócio foram aquelas que nunca deixaram cair os princípios sagrados da profissão, apesar do relativismo e da indiferença que, a partir de certa altura, tomaram conta de muitos jornalistas.