Os incríveis preços negativos nos futuros de petróleo, registados no início da semana, resultaram de um conjunto de muito particular de circunstâncias, trazendo ao de cima fragilidades no funcionamento daquele mercado.

No caso em concreto, a necessidade de “rolar” as posições compradoras e a inexistência de locais de armazenamento de petróleo levou a este desfecho caricato, com a falta de conhecimento de muitos participantes a provocar perdas de dimensões consideráveis.

É uma situação que pode repetir-se noutros mercados, mesmo fora da esfera financeira. Em situações-limite, os mercados podem não funcionar de forma eficiente, levando a que se registem preços que podem colocar muitos agentes “fora de jogo”, sobretudo se estiverem endividados. Cuidado.

Mas o petróleo não teria chegado a mínimos históricos sem que houvesse um contexto de excesso de oferta, que já muitos especialistas tiveram a oportunidade de explicar. Perante o colapso da procura a nível global, poderá haver incontáveis mercados também em excesso de oferta e de capacidade.

Claro que a economia mundial irá reorganizar-se, mas isso levará tempo. Por isso, é difícil aceitar algumas previsões de subida da inflação nos próximos anos, ainda que justificadas pela acumulação de dívida e respetiva criação de moeda por bancos centrais. Talvez a prazo possa acontecer, mas os tempos mais próximos serão de excesso de oferta e todos os setores terão de se adaptar.