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ONU: Nova liderança da Síria “muito recetiva” a investigar crimes de guerra

A declaração do líder do Mecanismo Internacional, Imparcial e Independente (IIIM, na sigla em inglês), Robert Petit, surgiu na segunda-feira, após uma visita à capital síria, Damasco, a primeira desde que a equipa foi criada pela Assembleia Geral da ONU, em 2016. O IIIM foi criado para ajudar na recolha de provas e na acusação de indivíduos responsáveis por possíveis crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio desde o início da guerra civil na Síria, em 2011.
António Guterres
24 Dezembro 2024, 09h20

Uma equipa da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que as novas autoridades da Síria foram “muito recetivas” ao pedido de cooperação na investigação dos alegados crimes de guerra cometidos pelo regime do Presidente deposto Bashar al-Assad.

A declaração do líder do Mecanismo Internacional, Imparcial e Independente (IIIM, na sigla em inglês), Robert Petit, surgiu na segunda-feira, após uma visita à capital síria, Damasco, a primeira desde que a equipa foi criada pela Assembleia Geral da ONU, em 2016.

O IIIM foi criado para ajudar na recolha de provas e na acusação de indivíduos responsáveis por possíveis crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio desde o início da guerra civil na Síria, em 2011.

Petit destacou a urgência de preservar documentos e outras provas antes que se percam.

“A queda do governo de Assad é uma oportunidade significativa para cumprirmos o nosso mandato no terreno”, disse o líder do IIIM.

“O tempo está a esgotar-se. Existe uma pequena janela de oportunidade para proteger estes locais e o material que contêm”, acrescentou Petit, numa referência às prisões de centros de detenção do regime sírio.

Uma porta-voz da ONU, Stephanie Tremblay, disse na segunda-feira que a equipa de investigação “está a preparar-se para uma implantação operacional o mais cedo possível e assim que for autorizada a conduzir atividades em solo sírio”.

“As montanhas de documentação governamental revelam a assustadora eficiência da sistematização dos crimes atrozes do regime”, lamentou Robert Petit.

O dirigente disse que será necessário um esforço colectivo dos sírios, das organizações da sociedade civil e dos parceiros internacionais para, como prioridade, “preservar as provas dos crimes cometidos, evitar a duplicação e garantir que todas as vítimas são representadas de forma inclusiva na procura da justiça”.

Também na segunda-feira, três organizações não-governamentais apelaram ao novo governo sírio para que tome medidas para preservar as provas das atrocidades do regime de Assad.

Estas provas, essenciais para determinar o destino de dezenas de milhares de pessoas desaparecidas e processar os autores dos abusos, incluem documentos governamentais, arquivos dos serviços de informação e locais de valas comuns.

A “Associação de Detidos e Desaparecidos da Prisão de Saydnaya” (ADMSP), a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional consideraram que as autoridades sírias de transição “devem tomar medidas urgentes para assegurar e preservar as provas das atrocidades cometidas durante o governo do antigo Presidente”.

A prisão de Saydnaya, palco de numerosas execuções extrajudiciais, torturas e desaparecimentos forçados, é o exemplo das atrocidades cometidas pelo regime de Assad contra os opositores.

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