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Operação “Cashball”: Conta oficial ou ‘saco azul’? PJ investiga rastro do dinheiro para Sporting pagar a árbitros

Buscas da PJ à SAD do Sporting levaram hoje a quatro detenções na investigação a alegado esquema de corrupção no andebol que pode agora alastrar-se a outras modalidades com a compra de árbitros e pagamentos a jogadores. Na mira dos investigadores estão levantamentos bancários que terão servido para subornos. Querem saber se foram efetuados através de contas oficiais do clube ou de um ‘saco azul’.
16 Maio 2018, 12h28

No âmbito da operação “Cash Ball”, que levou nesta terça-feira a buscas na SAD do Sporting, a Polícia Judiciária (PJ) está a seguir o rasto do dinheiro que alegadamente terá servido para o Sporting comprar os árbitros de andebol com o objetivo de ajudarem o clube a ganhar o campeonato na época 2016/17. Na mira dos investigadores estão os movimentos e extractos bancários da SAD para perceber se os levantamentos em dinheiro foram efectuados, ou não, à margem da contabilidade oficial do clube, apurou o Jornal Económico. Buscas da PJ levaram já a quatro detenções. Entre os detidos está o diretor do futebol do Sporting, André Geraldes, que não tinha acesso às contas da SAD do Sporting, segundo os regulamentos.

O Jornal Económico sabe que a PJ quer apurar se o alegado esquema de corrupção no andebol passou pelo crivo do administrador financeiro da SAD, Carlos Vieira, responsável que tem acesso às contas bancárias. Ou se, em alternativa, existe uma espécie de ‘saco azul’ no clube, à margem da administração da SAD. Neste último caso, investigadores terão de apurar como é que este ‘saco azul’, sem comprovativos internos, é alimentado para suportar o alegado esquema de corrupção.

As autoridades judiciárias estão a efetuar buscas em Alvalade e noutros locais relacionados com o Sporting Clube de Portugal, nomeadamente a residências dos arguidos, devido às suspeitas de corrupção no andebol que terão sido estendidas a outras modalidades como o futebol.

Ao final da manhã desta quarta-feira, 16 de maio, a Polícia Judiciária, através da Diretoria do Norte, e no âmbito de inquérito dirigido pelo Ministério Público – DIAP do Porto, confirmou que “deteve quatro pessoas pela presumível prática dos crimes de corrupção ativa no desporto”.

A operação “Casball” envolveu quarenta elementos da Polícia Judiciária, incluiu cerca de uma dezena de buscas domiciliárias e em clube desportivo. Segundo o ”Correio da Manhã”, os detidos são André Geraldes (diretor do futebol do Sporting), Gonçalo Rodrigues (funcionário do Sporting que suspendeu funções esta terça-feira), Paulo Silva (o denunciante deste esquema) e João Gonçalves (o intermediário).

Na mira da Justiça está um alegado esquema que passaria pela compra de árbitros e pagamentos a jogadores na época passada e, sobretudo, na região norte do país pelo que a operação está a ser liderada pela PJ e pelo Ministério Público do Porto. A investigação terá se alastrado à modalidade do futebol. Um dos jogos sob suspeita é o Vitória de Guimarães-Sporting da época passada, que terminou com a vitória leonina por 5-0.

Desde as oito da manhã que os inspetores da PJ do Porto e do Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto, estão em Alvalade a efetuar buscar na SAD do Sporting e noutros locais relacionados com o clube leonino.

Em causa está um esquema passaria pela alegada “compra de equipas de arbitragem, quer para os leões ganharem, quer para o Futebol Clube do Porto, com o qual disputaram o campeonato até ao fim, perder” e abrangeu a época de 2016/17,ganha pelo Sporting.

A PJ do Porto investiga  suspeitas de aliciamento por parte de um dirigente do Sporting, por intermédio de empresários desportivos, a equipas de arbitragem em jogos de andebol. O esquema de corrupção seria liderado por André Geraldes, atualmente diretor de futebol do Sporting.

Também a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou nesta terça-feira a existência de um inquérito ao caso, que é dirigido pelo Ministério Público do DIAP do Porto. Neste momento, “encontra-se em investigação e está em segredo de justiça”, revela o gabinete de comunicação de Joana Marques Vidal.

O caso foi revelado esta terça-feira, 15 de maio, pelo “Correio da Manhã”. De acordo com o diário, os árbitros eram comprados por dois mil euros com o objetivo de ajudarem o clube a ganhar o campeonato na época 2016/17.

Segundo o CM, Paulo Silva, empresário de futebol, seria o intermediário entre o dirigente leonino André Geraldes e alguns árbitros. E alegadamente recebeu comissões de 350 euros por cada árbitro que corrompia. “Cometi vários crimes pelo meu sportinguismo. Só fiz isto para combater a fraude que existia nas modalidades”, justificou o empresário, que se diz arrependido. O jornal teve acesso a conversas via WhatsApp entre Paulo Silva e João Gonçalves, também empresário desportivo e que agiria em nome de André Geraldes.

Um dos jogos que terá sido corrompido foi um Benfica-FC Porto, a favor dos encarnados. O objetivo era o de colocar a equipa verde-e-branca isolada no comando do campeonato.

A Federação de Andebol de Portugal anunciou ontem que vai denunciar ao Ministério Público (MP) a alegada corrupção a equipas de arbitragem por parte do Sporting, remetendo ainda o processo para o Conselho de Disciplina.

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