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“Ordenado, metódico e transparente”. É assim que a Fed quer o processo de redução de compra de ativos

“Posso apenas dizer que vemos valor real em comunicar com antecedência o nosso pensamento, e tentaremos ser claros e avisaremos com antecedência antes de anunciar a decisão de ‘taper'”, afirmou Jerome Powell, ‘chairman’ da Reserva Federal.
17 Junho 2021, 08h00

O ‘tapering‘, a redução gradual da compra de ativos, mereceu apenas respostas curtas de Jerome Powell. O presidente da Reserva Federal aproveitou a conferência de imprensa desta quarta-feira depois da reunião de dois dias do Federal Open Market Committee (FOMC), contudo, para sublinhar que apesar desse processo não estar para acontecer para já, o banco central irá avisar os investidores com bastante antecedência.

“A nossa intenção com este processo é que seja ordenado, metódico e transparente. Posso apenas dizer que vemos valor real em comunicar com antecedência o nosso pensamento, e tentaremos ser claros e avisaremos com antecedência antes de anunciar a decisão de ‘taper'”, afirmou.

“Tudo o que posso dizer é que achamos que é importante, no que diz respeito ao balanço, observarmos o máximo de transparência”, sublinhou.

Os analistas dizem que a subida da inflação, que provocou também um aumento das yields da dívida soberana (as Treasury Notes), poderá levar a Fed a começar a sinalizar o tapering.  A maioria prevê que essa mensagem possa começar a ser transmitida no Jackson Hole Economic Symposium em agosto.

A inflação homóloga atingiu 5% em maio – face a uma estimativa média de 4,7% –  e foi impulsionada principalmente pelos preços das commodities, no maior crescimento desde os 5,4% que se verificaram em agosto de 2008. Em termos mensais, a inflação norte-americana apresentou uma subida de 0,6%, ficando assim ligeiramente abaixo dos 0,8% observados em abril.

Powell tem reiterado que vê a aceleração da inflação como um fenómeno transitório e pouco significativo, dado que resulta do efeito base, ou seja da comparação com a queda abrupta desse indicador no ano passado, do aumento do consumo devido ao desconfinamento e à vacinação, fomentado também pelos estímulos orçamentais entregues diretamente aos cidadãos.

Comité não discutiu “descolagem” da taxa de juro

A Fed manteve inalterada a taxa de juro diretora, no intervalo entre 0% e 0,25%, e o ritmo de aquisições programa de compra ativos.

O banco central quer manter a federal funds rate inalterada até 2023, segundo o dot plot, o gráfico, ou mapa de pontos, que mostra as previsões das taxas de juro feitas pelos membros do FOMC. Nesse ano deverá decidir dois aumentos na taxa diretora.

O dot plot revela que 13 dos 18 membros do FOMC vêem pelo menos uma subida na taxa de juro em 2023, enquanto em março apenas sete tinham essa projeção. Onze membros sinalizaram a possibilidade de dois aumentos nesse ano, enquanto sete antecipam uma subida em 2022, face a quatro membros em março.

Powell desvalorizou a relevância desse sinal. “Em termos das duas subidas, deixe-me dizer algumas coisas antes de tudo, não pela primeira vez,  sobre o dot plot. São, claro, projeções individuais, não uma previsão do comite, não são um plano”

O chairman da Fed adiantou que o FOMC não discutimos se a “descolagem”, ou o início das subida da taxa de juro é apropriada em determinado ano, porque discutir isso seria prematuro e não faria sentido.

“Os pontos não são uma boa previsão dos movimentos futuros das taxas. porque é altamente incerto”, disse.

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