O Saxo Bank apresentou os seus 10 cisnes negros (black swans) para 2023. Os cisnes negros são raros, e como tal, é este o nome dado aos eventos que dificilmente deverão acontecer. O certo é que o banco dinamarquês publica habitualmente a sua lista de black swans no final de cada ano.
E quais os eventos mais improváveis de acontecer em 2023? Como sempre uma mistura de eventos económicos e políticos, com muitas surpresas à mistura.
1. Novo projeto Manhattan, mas para dar energia ao mundo
O projeto Manhattan foi desenvolvido pelos EUA, Reino Unido e Canadá durante a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de produzir a primeira arma nuclear. O projeto foi liderado pelo físico nuclear Robert Oppenheimer que, após constatar a dimensão da destruição das bombas, recorreu aos versículos hindus de Bhagavad Gita: “Agora tornei-me a morte, o destruidor de mundos”.
Mas, em 2023, empresários e milionários tecnológicos juntam-se no consórcio Third Stone [terceira pedra] com o objetivo de angariar um bilião de dólares para investir em soluções energéticas no maior projeto de investigação e desenvolvimento desde o projeto Manhattan original.
Além de novas tecnologias, o fundo também vai focar-se em combinar novas fontes de energia, com distribuição e infraestruturas de armazenamento.
2. Emmanuel Macron bate com a porta
Depois de obter a reeleição em maio, Emmanuel Macron e os seus aliados perderam a maioria no Parlamento, obrigando o presidente a sentar-se à mesa de negociações para alcançar acordos.
O partido de Macron recorre a um artigo constitucional para conseguir aprovar legislação sem passar pelo Parlamento, mas esta solução não vai servir para o longo prazo.
O presidente pensa em demitir o parlamento para convocar eleições antecipadas, mas as sondagens são hostis.
Macron decide demitir-se no início de 2023, num discurso à nação onde critica o bloqueio da oposição e anuncia a sua retirada. A decisão abre as portas do Eliseu à extrema-direita de Marine Le Pen, levando a União Europeia a entrar em mais uma crise existencial.
No entanto, Macron alimenta a esperança de voltar ao poder, com a ajuda dos seus apoiantes e de uma maioria silenciosa (tal como aconteceu como aconteceu com Charles de Gaulle em 1958) depois de Marine Le Pen falhar durante a sua governação do hexágono.
3. Ouro dispara e atinge três mil dólares
2022 ficou marcado por ser o ano em que o rally do ouro nunca aconteceu, apeasr da inflação atingir máximos de 40 anos, com os mercados a acreditarem que a inflação vai ser transitória.
Mas isto vai mudar em 2023 quando o mercado descobrir que a inflação vai continuar elevada durante algum tempo. A onça de ouro está a negociar hoje abaixo dos 1.800 dólares.
Vários fatores contribuem para este disparo, incluindo: a recuperação económica chinesa, com o alívio das políticas zero-Covid a escalar os preços das matérias-primas; a instabilidade geopolítica em tempo de guerra na Europa provoca um aumento da procura de ouro; um alívio da política monetária provoca uma subida da liquidez global.
4. Criação do exército da UE
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, os países da União Europeia decidem criar as Forças Armadas da UE até 2028, com o objetivo de ter forças operacionais em terra, mar, ar e espaço. O financiamento vai atingir os 10 biliões de euros ao longo de 20 anos. Até 2025, vai ser criada uma Força de Rápida, com a participação de 20 países.
Este exército vai ser financiado através da emissão de obrigações garantidas pela União Europeia, com a participação de cada país a ter em conta o PIB respetivo. O investimento massivo na UE, leva as companhias europeias de defesa a disparar 25% acima do restante mercado, ajudando o euro a recuperar.
5. Um país decide banir a produção de carne
No próximo ano, um país em todo o mundo decide banir por completo a produção de carne até 2030. A partir de 2025, este país decide começar a taxar de forma pesada a carne.
Esta proibição acontece num cenário de escassez de cereais. Mais de um terço dos cereais em todo o mundo são usados anualmente para alimentar animais. E 80% da terra arável é usada para a produção animal, incluindo em antigas zonas florestais e de floresta tropical. Isto provoca a perda da biodiversidade, erosão do solo e a poluição de recursos aquíferos.
6. Referendo para recuar no Brexit
Outro dos cisnes negros é a realização de um referendo para o Reino Unido recuar no Brexit: o UnBrexit.
Isto acontece depois de Rishi Sunak convocar eleições antecipadas depois do novo programa orçamental provocar uma recessão no Reino Unido, desemprego em alta e com o défice a subir com as receitas fiscais a quebrarem.
Perante o descalabro económico, as sondagens começam a apontar que começam a existir dúvidas sobre o Brexit, com os mais jovens a defenderem o regresso.
Nas eleições, os trabalhistas vencem e Keir Stamer decide a realização de um referendo a 1 de novembro, com o ReJoin a vencer.
7. Controle de preços
Com a inflação em alta, os governos decidem controlar os preços. Em França, é aprovado um limite aos preços da eletricidade, mas isto provoca a falência das energéticas e a sua nacionalização. A fatura acaba por ser paga pelos contribuintes.
No Reino Unido e nos EUA é criado um National Board for Prices and Incomes (conselho nacional para os preços e ordenados, tal como existiu no Reino Unido na década de 70) com o objetivo de controlar preços e salários, mas esta ideia acaba por provocar mais inflação. Já o limite de preço à compra de produtos petrolíferos da Rússia acaba por não ter o efeito pretendido: nem os preços do crude descem, nem a Rússia fica sem receitas.
8. OPEP+, China e India abandonam o FMI
Os países da OPEP+, a China e a Ìndia abandonam o FMI com o objetivo de criar uma nova aliança mundial e abandonar o dólar que tem vindo a valorizar. Abandonada a moeda norte-americana, criam uma nova moeda: o Bancor.
9. O dólar/iene é fixado nos 200 dólares
O Banco do Japão tenta ressuscitar o iene depois da queda em 2022 e lança uma reforma do seu sistema financeiro. O dólar/iene sobe para 180 perante a indignação pública sobre a inflação elevada. Perante isto, o banco central impõe um teto de 200 dólares.
10. Limites aos paraísos fiscais
Os países da OCDE decidem ser mais agressivos perante os paraísos fiscais, proibindo totalmente a deslocação de capital entre as Bermudas ou Bahamas e a OCDE. A fuga fiscal atinge os 500 a 600 mil milhões de dólares anualmente.
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