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Os festivais de verão também vivem fora do palco

Álvaro Covões conciliou durante anos a música com o emprego nos mercados financeiros. Luís Montez tinha o sonho de criar um festival fora das grandes cidades. A história da música em Portugal não passa só pelas centenas de bandas que vão desfilar pelos palcos nos próximos meses.
9 Julho 2017, 15h30

Álvaro Covões, promotor do NOS Alive, trabalhou nos mercados financeiros e aprendeu a gerir dinheiro. Depois aproveitou a experiência na organização de festivais para criar a empresa Everything is New. Os espetáculos são a sua vida. Ontem arrancou a 11ª edição do NOS Alive, um dos festivais mais procurados em Portugal, com os bilhetes a serem esgotados com dois meses de antecedência. Esta edição conta com um aumento de orçamento, para 8,5 milhões de euros, que é direcionado para a composição do cartaz, na contratação de artistas como Foo Fighters, Depeche Mode, The XX, The Weekend, Imagine Dragons, Ryan Adams, Spoon e Fleet Foxes.

Em cada dia, o NOS Alive vai receber 55 mil festivaleiros. No ano passado, foi feita uma tese de mestrado na Universidade Nova que avaliou o impacto económico do festival em 55 milhões de euros. De Norte a Sul do país mas também do estrangeiro, os responsáveis esperam receber pessoas de 86 nacionalidades diferentes. Há público da Austrália, do Brasil, da África do Sul, do norte da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá.

A Heineken, a cerveja oficial do Nos Alive 2017, distribuída em Portugal pela Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC), irá utilizar copos 100% de origem vegetal durante os três dias do festival, que irá decorrer entre 6 e 8 de Julho, no Passeio Marítimo de Algés. Inteiramente de origem vegetal, os copos utilizados requerem baixo consumo energético na sua produção e, após utilização, podem ser reciclados ou decompostos, num período entre 45 a 60 dias.

“A marca de cerveja Heineken® tem a preocupação de usar materiais nas suas embalagens que minimizem o seu impacto ambiental, e os eventos musicais são uma boa oportunidade de comunicar e promover boas práticas nesse sentido”, afirmou Nuno Pinto de Magalhães, Director de Comunicação e Relações Institucionais da SCC.

O sonho de Montez e o Sudoeste

O Sudoeste teve a primeira edição em 1997. É simples, descomplexado e aponta para um público mais jovem. Luís Montez conhecia muito bem a costa alentejana. E tinha o sonho de realizar um festival de música fora das grandes cidades, como já acontecia a nível internacional com o Glastonbury, que é cheio de lama, e o Roskilde, onde chove todos os anos. Quando, resolveu fazer o Sudoeste na Zambujeira do Mar ouviu muitas vezes: “Quem é que vai de Lisboa para ali? Não há água, luz…”. Montez nunca desistiu. Até que um dia, no carro, ainda sem saber onde se ia realizar-se o festival, olhou em volta e pensou:’ este era o sítio perfeito’. E assim foi. Apaixonado por música, todo o trabalho é feito em conjunto e está sempre presente, desde o início das montagens.

Em 1997 a costa alentejana ainda era um segredo guardado para muita gente. A primeira edição teve nomes como Marilyn Manson, Suede ou Rio Grande. A realização dos festivais campestres já era uma realidade a nível internacional. Até à primeira edição do Sudoeste, o público português tinha assistido a três edições de Super Bock Super Rock. A segunda edição de Vilar de Mouros estava a caminho e Paredes de Coura procurava afirmar-se no panorama musical.

O Sudoeste era, por isso, a grande novidade. O processo logístico da organização do MEO Sudoeste nunca termina. Uma parte da equipa passa na Zambujeira grande parte do ano e conhece o terreno metro a metro. Um dos momentos que ficou na história foi o concerto dos Da Weasel (que deram tudo em palco), em 2010 – um dos elementos caiu e magou-se. Entre os principais pedidos dos artistas estão vinho português, toalhas de determinadas cores ou comida vegetariana.

A Música no Coração, de Luís Montez, aposta num público heterogéneo: desde os nomes mais sonantes do Pop Rock, até à fação mais alternativa da Música Eletrónica, passando pela World Music chegando ao Fado, a promotora preocupa-se em apresentar um leque de artistas, o mais abrangente possível.

Por outro lado, o Super Bock Super Rock é uma proposta mais adulta, urbana, para um público próximo da cidade. É um festival mais dirigido a pessoas que gostam de música, acompanham, conhecem aquilo que está a surgir. Do cartaz deste ano fazem parte bandas como os Red Hot Chili Peppers, Future ou Deftones.

Já o EDP Cool Jazz é um festival que aposta na fusão de sonoridades, passando pelo Blues, Soul, Jazz, Funk. A edição deste ano destaca-se por apresentar dois espetáculos em todas as noites (14 concertos em 7 noites no total).

Reconhecido como um evento distinto em que o público usufrui de plateia sentada em harmonia com o património histórico, arquitetónico e paisagístico do festival. Este é um festival muito procurado por um público mais adulto e ainda muito nacional, que vem do norte e do sul do país.

O Vodafone Paredes de Coura tem mais do que músicos a subir ao palco. São 25 anos de história, desde as atuações memoráveis, ao reencontro entre amigos e ao convívio com a natureza. O festival cresceu e deu fama internacional à vila minhota, que é agora destino de férias de eleição para os que a visitam.

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