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Pagamentos de retalho somaram 655,5 mil milhões em 2022 em 3,7 mil milhões de operações

Em 2022 – ano de inflação alta e taxas de juro em rota ascendente – os pagamentos em Portugal aumentaram significativamente em linha com o crescimento da atividade económica. Os pagamentos de retalho cresceram 20,8% em quantidade e 16,2% em valor face a 2021.
27 Abril 2023, 13h00

O Banco de Portugal apresentou o relatório dos sistemas de pagamentos de 2022. O regresso a alguma normalidade, depois de anos atípicos de 2020 e 2021, fruto da pandemia marcou a atividade.

Em 2022 – ano de inflação alta e taxas de juro em rota ascendente – os pagamentos em Portugal aumentaram significativamente em linha com o crescimento da atividade económica. Os pagamentos de retalho cresceram 20,8% em quantidade e 16,2% em valor face a 2021.

Acentuou-se a preferência por instrumentos de pagamento eletrónicos, revela o relatório que acrescenta que o contactless, os pagamentos online e as transações via aplicações móveis estão cada vez mais presentes nos hábitos dos portugueses.

Em 2022, foram processadas no Sistema de Compensação Interbancária (SICOI), que é o sistema de liquidação interbancária de pagamentos de retalho (gerido pelo Banco de Portugal), 3,7 mil milhões de operações no valor de 655,5 mil milhões de euros, marcando o regresso à tendência de crescimento que tinha sido interrompida em 2020.

As 3,7 mil milhões de operações traduzem um aumento anual de 20,8% e o valor representa seis vezes o valor de 2021.

Os portugueses continuam a gostar mais dos instrumentos de pagamento eletrónico, como os cartões de pagamento, débitos diretos e transferências. As operações com cartões subiram em número 23% e em valor 22%.

Já os débitos diretos aumentaram 6% em número e 16% em valor. Por sua vez, as transferências a crédito subiram 9% em número de operações e 15% em montante. Estes instrumentos foram utilizados em 99,7% dos pagamentos de retalho sem recurso a numerário.

As transferências imediatas subiram 34% e 54% em montantes transferidos.

Os cheques continuam em queda, recuaram 15% os pagamentos usando este instrumento, mas o valor subiu 6%.

O Banco de Portugal revela que os cartões continuaram a ser o instrumento mais utilizado. Foram-no em 88% das operações processadas e em 27,2% do valor total das operações processadas.

As transferências a crédito representaram 55,6% dos montantes processados, embora representando apenas 5,7% em número e 5,3% em valor do total do SICOI.

Já as transferências imediatas tiveram ainda um peso reduzido no total de pagamentos, 0,3% em número e 2,1% em valor. Recorde-se que a Comissão Europeia apresentou em 26 de outubro, uma proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho sobre transferências imediatas que visa a eliminação dos obstáculos à ambicionada adoção operacionalizada deste meio de pagamento. Estas transferências em Portugal no ano passado representaram 4,4% do total de transferências.

Os cheques representaram 0,3% do número de pagamentos e 9,7% do valor.

O relatório revela ainda que 49% das compras foram pagas por contactless, o que traduz um aumento 58,6% em quantidade e 65,7% em valor, quando antes da pandemia representavam 8%.

Das compras com cartões nacionais, 14% são online, cresceram 28,4% em número e 32,2% em valor, quando antes da pandemia era 8%.

Depois, 66% das compras online foram feitas em comerciantes estrangeiros.

Os pagamentos que operaram no sistema Target2 (o qual são processadas e liquidadas, em moeda banco central, ordens de pagamento em euros, tipicamente de grande valor) somaram dois milhões de operações (um crescimento anual de 13%), num valor de 10,6 biliões de euros (seis vezes maior que o ano anterior), correspondendo a 51 vezes o PIB português. Atingiu-se o máximo histórico do valor liquidado, reflexo do aumento dos juros pelo BCE e do crescimento das operações de facilidade permanente de depósitos, tendo sido de 100% a disponibilidade do sistema, segundo o Banco de Portugal.

No que se refere ao sistema TIPS (Target Instant Payment Settlement service), um serviço de liquidação do Eurosistema que permite que os fornecedores de serviços de pagamento ofereçam aos seus clientes a possibilidade de transferirem fundos em tempo real e ininterruptamente todos os dias do ano, através de pagamentos imediatos, registaram-se 7,5 milhões de operações (10 vezes mais que em 2021), o que corresponde 6,5 mil milhões de euros (multiplica por seis o valor de 2021). O pico da atividade ocorreu a 27 de dezembro, com um total de transferências enviadas e recebidas de 56 milhões.

Em 2022, Portugal recebeu mais transferências imediatas processadas no TIPS do que enviou. Os Países Baixos foram a principal origem das transferências recebidas, mantendo-se Espanha como destino privilegiado das transferências imediatas enviadas.

Sobre os pagamentos que foram realizados no Target2-Securities (uma plataforma técnica do Eurosistema que fornece serviços de liquidação de títulos em moeda de banco central) verifica-se que as liquidações de ações superaram as de Bilhetes de Tesouro, sendo menos evidente o impacto das emissões e amortizações de dívida pública e privada. Em 2022 registaram-se 185,8 mil transações de títulos (-10,3%) e 155 mil milhões de euros (+11,2%).

Em ano de conflito Rússia/Ucrânia o relatório dá dados nas fraudes de pagamentos e revela uma preocupação maior com riscos de cibersegurança.

Foram reportadas 50 incidentes de “carácter severo” de natureza operacional e cinco de segurança provocados por ação maliciosa de agentes externos. Os canais comerciais mais afetados pelos incidentes reportados continuaram a ser o homebanking e o mobilie banking. Foram afetados 1,9 milhões de utilizadores. A maioria das perdas decorrentes de fraudes foram suportados pelos prestadores de serviços de pagamentos, e apenas 30% tiveram de ser suportadas pelos afetados.

O Banco de Portugal revelou ainda que em 2022 registou-se um aumento significado do uso de cartões de pagamento ucranianos no nosso país. Em 2022 os pagamentos de ucranianos em Portugal subiram dez vezes à média observada entre 2018 e 2021.

Os sistemas de pagamento em euros são um dos principais componentes dos sistema financeiro.

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