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PAICV acusa governo de Cabo Verde de financiar empresas estrangeiras com recursos internos

O secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, Julião Varela, apresenta o exemplo da privatização da TACV, que deu origem à Cabo Verde Airlines, companhia aérea na qual o executivo cabo-verdiano injetou 22 milhões de euros só em 2018.
22 Agosto 2019, 11h10

O secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) afirma que existe confusão entre privatização e nacionalização das empresas cabo-verdianas porque o governo local tem assumido o passivo e financiado o processo das empresas privatizadas.

Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, Julião Varela apresenta o exemplo da privatização da TACV, que deu origem à Cabo Verde Airlines (CVA), na qual o executivo injetou 22 milhões de euros só em 2018, e mantém-se ainda pagar pelo aluguer dos aviões que a Icelandair tem colocado ao serviço da transportadora.

“O governo tem em sombra o processo de privatizações com mais intransparência, nacionalizações e afastamento do empresariado nacional e financiando com recursos internos às empresas de capital estrangeiro”, referiu o dirigente do PAICV, em declarações aos meios de comunicação social.

“O ganho da Icelandair na CVA não estará pelos lucros da empresa, mas sim pelos benefícios da renda/aluguer dos aviões. Afinal, por cada um dos seus Boeings, retirados da circulação no quadro da substituição da frota na Islândia, ganha 3.800 dólares por cada hora de voo, desde já fixado um mínimo de 300 horas por mês, ou seja, um total de 1.140000 dólares, enquanto a prática internacional, em iguais circunstâncias, regista, por exemplo, o montante de 480 mil dólares/mês para um Boeing 787”, apontou Julião Varela.

O PAICV entende que para a Icelandair, a CVA “dar lucro ou prejuízo, tanto faz”, pois o que importa para a empresa é colocar aviões ao serviço da transportadora, porque ganha pela via do aluguer. “Não importa a taxa de ocupação dos voos, não importa a rentabilidade dos destinos abertos. Interessa ter cada vez mais aviões”, defende o secretário-geral do PAICV.

No que se refere ao transporte marítimo, Julião Varela assegurou que, “para a surpresa de todos”, o Governo “acabou de nacionalizar a Fast Ferry”, comprando todas as ações dos privados, o que, no entender dele, o executivo é agora dono dos três barcos da referida empresa, agora colocados à disposição da Transinsular, apesar de serem considerados inadequados para Cabo Verde.

 

Além de colocar os barcos à disposição da Transinsular, o PAICV indicou que o governo vai ainda pagar uma remuneração de 10% sobre o resultado de exploração anual, vai compensar os prejuízos que a empresa tiver e anualmente vai servir de avalista para empréstimos.

O secretário-geral do PAIC aponta outros exemplos de privatizações que se assemelham a nacionalização, referindo que o governo“ nacionalizou a CV Telecom com o dinheiro do INPS, adquire 27% das ações da Geocapital, na Caixa Económica, e agora compra todas as ações da Cabo Verde Fasty Ferry”.

Para o PAICV, “se o objetivo de privatizar é atrair capital estrangeiro até agora não há qualquer capital mobilizado” e que a “ a situação assume contornos mais graves”, pois  tem sido o governo de Cabo Verde “a financiar essas empresas estrangeiras e negando ao empresariado nacional qualquer tipo de apoio”.

Diante destas denúncias o maior partido da oposição exige que o governo explique a razão destas nacionalizações, a origem dos fundos utilizados nestas operações e como pretende desfazer das participações que passou a ter em estas empresas.

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