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PAICV preocupado com autonomia do Observatório do Mercado de Trabalho cabo-verdiano

“O artigo 2 diz que o pessoal do observatório é provido de preferência entre o pessoal da Administração Pública, por via dos instrumentos da mobilidade, todos eles têm um vínculo laboral umbilical com o Governo, daí a tentação das tutelas para impor diretrizes e sugerir ideias”, afirmo uma das deputadas do partido da oposição.
20 Fevereiro 2020, 11h55

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição em Cabo Verde, mostrou-se esta quarta-feira “preocupado” em relação à autonomia e independência do Observatório do Mercado de Trabalho na elaboração de estudos, estatísticas, projetos e o seu plano de atividades.

A inquietação foi manifestada durante a sessão plenária na Assembleia Nacional, na apresentação da proposta de lei que estabelece o regime jurídico de organização e funcionamento do Observatório do Mercado de Trabalho, pelo vice-primeiro ministro e ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia.

Segundo explicou o governante, o Observatório do Mercado de Trabalho vai funcionar como um órgão de promoção, investigação, diagnóstico, prevenção e de antecipar os problemas e criar soluções relacionados com o emprego, as qualificações, formação profissional, bem como elaborar propostas que possam ajudar todas as entidades públicas e sociais a desenhar políticas que possam permitir criar condições para garantir o pleno emprego em Cabo Verde.

“É uma estratégica para cumprir esta importante missão e ajudar as autoridades públicas a desenhar políticas públicas tendentes a colocar Cabo Verde numa trajetória de pleno emprego”, sublinhou o governante local, que disse que o observatório irá abordar vários temas que vão permitir tirar conclusões e propostas baseadas em estudo.

Olavo Correia adiantou que o observatório será integrado no Conselho da Concertação Social como um órgão independente, onde todos os parceiros, como o Governo, sindicatos e patronato possam assumir as suas responsabilidades em relação a criação de condições para que todos os jovens de Cabo Verde possam ter acesso ao emprego digno e decente.

“Cada um assume a sua responsabilidade e o compromisso, de modo a colocar Cabo Verde na senda do pleno emprego. O Governo é o primeiro responsável, mas cada um tem a obrigação de dar o seu máximo para mudar o quadro de forma rápida”, referiu o ministro cabo-verdiano, mostrando-se convicto de que com as políticas públicas assertivas e o contributo de todos as condições estão criadas para garantir o pleno emprego, trabalho decente, oportunidade de emprego para todos os jovens cabo-verdianos nos próximos anos.

Durante o período de esclarecimento, a deputado do PAICV Filomena Martins mostrou-se inquietante quanto à autonomia e independência deste órgão e pediu esclarecimento sobre a operacionalização da mesma. No seu entender, o diploma não diz qual é a natureza do Observatório de Mercado de Trabalho, e o partido está preocupado quanto à sua autonomia, uma vez que é composto por órgãos, institutos e instituições que dependem do Governo, e até que ponto terão a independência e autonomia na elaboração de estudos, estatísticas, projetos e do plano de atividades.

“O artigo 2 diz que o pessoal do Observatório do Mercado de Trabalho é provido de preferência entre o pessoal da Administração Pública, por via dos instrumentos da mobilidade, todos eles têm um vínculo laboral umbilical com o Governo, daí a tentação das tutelas para impor direttrizes e sugerir ideias”, apontou.

Em contraponto, a deputado Filomena Gonçalves, do Movimento para a Democracia (MpD) realçou que se trata-se de uma iniciativa que irá contribuir para a previsibilidade e estabilidade, sobretudo para os jovens cabo-verdianos, que estão a procura do emprego.

“O diploma é claro, e diz que o observatório funciona como um órgão de investigação, diagnostico, prevenção e de antecipação de problemas relacionados com o emprego e qualificação”, referiu a deputada que disse que é preciso valorizar a seriedade intelectual dos técnicos nacionais.

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