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País na cauda europeia na captação de capital de risco

Em tempos de incerteza, Portugal continua fora do radar na captação de capital de risco em percentagem do PIB.
5 Julho 2025, 10h00

Em tempos de incerteza – sobretudo a exportada pelos EUA, além das máquinas e combustíveis minerais -, confiar no que “não é incerto” é um recurso para aqueles que se dedicam à captação de capital. E falar de capital, é falar dos EUA. “Os EUA afetam algumas empresas portuguesas. Não é o principal mercado de exportações. Naturalmente, quem investe vai olhar para a exposição a mercados mais incertos. Se pudermos, durante este período, não investir em empresas expostas aos EUA, não investiremos”, afirmou Martim Avillez Figueiredo, partner da Core Capital.

Na dimensão da captação de capital – “uma das variáveis críticas de fazer capital de risco em qualquer país” – Portugal apresenta-se como país europeu com menos capital de risco em percentagem do PIB, alertou. “São 18 vezes menos do que a média da UE, seis vezes menos que Espanha e 5,7 vezes menos que a Grécia”, detalhou o sócio da Core Capital. “Mesmo assim, temos de convencer os investidores a acreditar em Portugal. O que fazemos é agarrarmo-nos ao que não é incerto”, explicou.

Do capital de risco para a advocacia, Martim Krupensky, managing partner da MLGTS, afirmou que “é duvidoso que ainda subsista” o Estado de Direito nos EUA mas que também há problemas internos em Portugal “como a interferência excessiva do Ministério Público”.

Do lado da Abreu Advogados, Inês Sequeira Mendes, managing partner, considera que aos advogados toca particularmente o que está a acontecer nos EUA: “Foram vários os escritórios americanos que chegaram a acordo com a Administração Trump. Esta questão é bastante complexa. Não podemos perder de vista os nossos princípios. E os advogados são o maior bastião na defesa desses princípios”, defendeu.

Da Universidade Católica, Paulo Cardoso do Amaral, professor na Católica-Lisbon desde 1996, abordou a incerteza na perspetiva de quem leciona sobre intelligence há 25 anos. “A diferença de é que antigamente estávamos a gerir a mudança e agora estamos a gerir a surpresa”, referiu.

“Atacar o Estado de Direito é abanar as bases daquilo que são as nossas certezas. Do ponto de vista prático de intelligence, o que fazemos é definir cenários e estar sempre à procura do que chamamos weak signals, que identifica o que pode acontecer a seguir, e vamo-nos preparando”.

Edição do Jornal Económico de 4 de julho.

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