Pânico e turbulência devido às tarifas regressam em força aos mercados

Após um dia de alguma acalmia nos mercados, os investidores parecem ter regressado a um tom de pessimismo, o que se reflete nas movimentações registadas nas principais praças mundiais.

“O movimento de recuperação das bolsas mundiais foi de curta duração, com os momentos de pânico a regressarem em força aos mercados e a turbulência gerada com as tarifas de Trump a atingir também as obrigações com intensidade”, salienta a research unit da BA&N esta quarta-feira.

As bolsas europeias fecharam esta terça-feira com a maior subida desde 2022, mas os índices norte-americanos entraram em queda livre a meio da sessão depois da Casa Branca ter avançado que as taxas adicionais à China iriam entrar em vigor e de um leilão de obrigações dos EUA a três anos ter sido marcado por fraca procura. O S&P500 chegou a subir 4% no início da sessão, mas fechou o dia a recuar 1,5%.

O japonês Nikkei recuou perto de 4% e o europeu Stoxx600 desliza perto de 3%. Este sell off nas bolsas surge no dia em que entram em vigor as tarifas adicionais anunciadas por Trump, que atiram a taxa alfandegária média dos EUA para níveis em redor de 25%, o que representa um máximo de 100 anos. Os produtos exportados pela China para os EUA passam a pagar uma tarifa de 104% a partir de hoje.

Os títulos de dívida surgem habitualmente como ativos de refúgio nas alturas de fuga ao risco e foi isso que aconteceu no final da semana passada. Mas nos últimos dias os investidores estão a vender obrigações norte-americanas de longo prazo, com a taxa dos títulos a 10 anos a disparar de níveis inferiores a 4% para 4,4% esta manhã. No prazo a 30 anos o agravamento é ainda mais surpreendente, com a taxa já a caminho dos 5%.

O BlackRock Investment Institute aguarda que a grande escalada nas tensões do comércio global e a persistência da incerteza extrema continue a pressionar os ativos de risco no curto prazo. Neste contexto, decidiu reduzir a recomendação de curto prazo (três meses) das ações norte-americanas de “overweight” para “neutral”.