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Papa Leão XIV condena “pandemia das armas”

O Papa Leão XIV criticou a “pandemia das armas, grandes e pequenas”, enquanto rezava pelas vítimas do recente tiroteio numa escola católica nos Estados Unidos.
epa12084646 Newly elected Pope Leo XIV, Cardinal Robert Francis Prevost from the USA, greets faithfuls from the central loggia of Saint Peter’s Basilica, Vatican City, 08 May 2025. EPA/FABIO FRUSTACI
31 Agosto 2025, 12h36

O Papa Leão XIV criticou no Vaticano, aquilo a que chamou “pandemia das armas, grandes e pequenas”, enquanto rezava pelas vítimas do recente tiroteio numa escola católica nos Estados Unidos. Dirigindo-se a milhares de peregrinos presentes na Praça de São Pedro, para a habitual oração do Angelus, o primeiro Papa norte-americano da história falou em inglês ao apelar ao fim da “lógica das armas” e à prevalência de uma cultura de fraternidade.

“[Fazemos] as nossas orações pelas vítimas do trágico tiroteio durante uma missa escolar no estado norte-americano de Minnesota”, disse Leão XIV, acrescentando: “Mantemos nas nossas orações as inúmeras crianças mortas e feridas todos os dias em todo o mundo. Imploremos a Deus que pare a pandemia das armas, grandes e pequenas, que infeta o nosso mundo”.

Duas crianças foram mortas e 20 pessoas ficaram feridas durante o ataque a tiros na Igreja da Anunciação, em Minneapolis, enquanto centenas de alunos da vizinha Escola Católica da Anunciação e outras pessoas se reuniam para uma missa. O atirador disparou 116 tiros de espingarda através dos vitrais da igreja e, mais tarde, suicidou-se.

Na ocasião, Leão XIV voltou também a apelar a um cessar-fogo “imediato” na Ucrânia, com a intervenção da comunidade internacional, evocando as vítimas de bombardeamentos russos, nos últimos dias.

“Reitero com veemência o meu apelo urgente por um cessar-fogo imediato e por um compromisso sério com o diálogo. É tempo de os responsáveis renunciarem à lógica das armas e enveredarem pelo caminho da negociação e da paz, com o apoio da comunidade internacional”, disse, acrescentando que “a voz das armas deve calar-se, enquanto a voz da fraternidade e da justiça deve elevar-se”.

Perante os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o pontífice, citado pela agência Ecclesia, referiu que, “infelizmente, a guerra na Ucrânia continua a semear morte e destruição”. “Também nestes dias, os bombardeamentos atingiram várias cidades, incluindo a capital Kiev, causando numerosas vítimas. Renovo a minha proximidade ao povo ucraniano e a todas as famílias feridas”, acrescentou.

Depois, o Papa abordou a questão dos migrantes que procuram atravessar o mar para alcançar melhores condições de vida. Leão XIV afirmou que seu coração “está ferido” pelas dezenas de mortos e feridos no naufrágio de um barco que transportava mais de uma centena de pessoas na costa da Mauritânia, uma “tragédia mortal que se repete todos os dias em todo o mundo”.

“Os nossos corações estão feridos pelas mais de 50 pessoas mortas e cerca de 100 ainda desaparecidas no naufrágio de um barco carregado de migrantes que tentavam a viagem de 1.100 quilómetros até às Ilhas Canárias e que afundou na costa atlântica da Mauritânia”, disse.

Na sua intervenção de hoje, o Papa Leão XIV lamentou também que, por vezes a vida seja reduzida “a uma competição” e exortou a Igreja a “ser para todos um laboratório de humildade”.

É necessário “repensar como muitas vezes reduzimos a vida a uma competição, como perdemos a compostura para obter algum reconhecimento, como nos comparamos inutilmente uns com os outros”, disse o pontífice diante de milhares de fiéis.

O Papa destacou a importância de “uma cultura do encontro, que se nutre de gestos que aproximam”, algo que “nem sempre é fácil” no mundo de hoje, “não tanto na família, mas nas ocasiões em que é importante ‘ser notado’. Então, estar juntos transforma-se numa competição”, afirmou. “Parar para refletir”, disse o Papa, “é uma experiência de liberdade”. “Peçamos hoje que a Igreja seja para todos uma oficina de humildade, aquela casa onde todos são bem-vindos”, acrescentou o pontífice.

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