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Papa: Prevost escolheu ser Leão XIV para lutar contra os problemas sociais da nova revolução digital

Num discurso perante o Colégio Cardinalício, o antigo cardeal Robert Prevost assumiu o nome de Leão inspirado por causa de “Leão XIII, com a histórica Encíclica Rerum novarum, [que] abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial”.
epa12084646 Newly elected Pope Leo XIV, Cardinal Robert Francis Prevost from the USA, greets faithfuls from the central loggia of Saint Peter’s Basilica, Vatican City, 08 May 2025. EPA/FABIO FRUSTACI
10 Maio 2025, 14h21

Leão XIV justificou hoje a escolha do nome, inspirado em Leão XIII, para defender a dignidade humana e os direitos sociais face à revolução digital e da inteligência artificial nos tempos atuais.

Num discurso perante o Colégio Cardinalício, o antigo cardeal Robert Prevost assumiu o nome de Leão inspirado por causa de “Leão XIII, com a histórica Encíclica Rerum novarum, [que] abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial”.

Hoje, “a Igreja oferece a todos a riqueza da sua doutrina social para responder a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”.

No encontro com o Colégio Cardinalício, o primeiro depois da eleição, na quinta-feira à tarde, disse que pretende liderar com o apoio de todos.

“Queridos cardeais, vós sois os colaboradores mais próximos do Papa, e isto é de um grande conforto para mim, que aceitei um fardo claramente muito superior às minhas forças, assim como o seria para qualquer outra pessoa”, afirmou.

“A vossa presença recorda-me que o Senhor, tendo-me confiado esta missão, não me deixa sozinho a carregar tal responsabilidade”, acrescentou.

Cada Papa “é um humilde servo de Deus e dos irmãos, nada mais do que isso”, disse Leão XIV, elogiando o antecessor, com o seu “estilo de total dedicação ao serviço e sobriedade essencial na vida”.

“Nos últimos dias, pudemos ver a beleza e sentir a força desta imensa comunidade, que com tanto carinho e devoção saudou e chorou o seu pastor, acompanhando-o com a fé e a oração”, afirmou. “Vimos qual é a verdadeira grandeza da Igreja, que vive na variedade dos seus membros”.

Na mesma intervenção, Leão XIV renovou a “plena adesão a este caminho, que a Igreja universal percorre há décadas na esteira do Concílio Vaticano II”, o encontro mago dos anos 1960 que marcou mudanças estruturais da relação da instituição com o mundo contemporâneo.

E, assumindo-se como herdeiro ideológico de Francisco, criticado por setores mais conservadores pelo discurso de abertura, Leão lembrou alguns pontos da Exortação Apostólica Evangelii gaudium, que assinalou o início do Pontificado anterior.

“Gostaria de sublinhar alguns pontos fundamentais: o regresso ao primado de Cristo no anúncio, a conversão missionária de toda a comunidade cristã; o crescimento na colegialidade e na sinodalidade; a atenção ao sensus fidei [sentido mais profundo da fé], especialmente nas suas formas mais próprias e inclusivas, como a piedade popular; o cuidado amoroso com os marginalizados e os excluídos; o diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo nas suas várias componentes e realidades”, salientou o Papa aos cardeais.

O cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito na quinta-feira Papa, após dois dias de conclave, na Cidade do Vaticano, e assumiu o nome de Leão XIV.

Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, o novo líder da Igreja Católica tem ascendência espanhola e nacionalidade peruana, e pertence à Ordem de Santo Agostinho, tendo sido bispo de Chiclayo (Peru) e foi prefeito do Dicastério para os Bispos.

Leão XIV sucedeu ao Papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos.

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