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Para Donald Trump, Zelensky já passou à história

“Comediante moderadamente bem-sucedido” e “ditador não-eleito”. É desta forma que o presidente dos EUA comenta o seu homólogo ucraniano, dando mostras de que Zelensky não faz parte da solução gizada com a Rússia.
EPA/MYKHAILO MARKIV/ PPS
19 Fevereiro 2025, 17h34

Nem sequer é preciso ler nas entrelinhas: numa mensagem publicada na sua rede social, a Truth Social, o presidente norte-americano, Donald Trump, criticou o seu homólogo Volodymyr Zelensky, a quem descreveu como um “comediante moderadamente bem-sucedido” e, alternativamente, como “ditador não eleito”, uma vez que não houve eleições presidenciais no ano passado – como teria havido se o país não estivesse em guerra.

O presidente ucraniano, disse Trump, “convenceu os Estados Unidos a gastar 350 mil milhões de dólares para entrar numa guerra que não poderia ser vencida, que nunca deveria ter começado, mas uma guerra que ele, sem os Estados Unidos e ‘TRUMP’, nunca será capaz de resolver”. “Os Estados Unidos gastaram 200 mil milhões de dólares a mais que a Europa, e o dinheiro da Europa está garantido, enquanto os Estados Unidos não receberão nada de volta”, continuou Trump.

“Zelensky recusa-se a realizar eleições, e a única coisa em que ele era bom era em manipular Biden. Um ditador sem eleições, Zelensky faria bem em reagir rapidamente ou não terá mais um país. Enquanto isso, estamos a negociar com sucesso o fim da guerra com a Rússia, algo que todos concordam que somente “TRUMP” e o governo Trump podem fazer. Eu amo a Ucrânia, mas Zelensky fez um trabalho terrível, o seu país está devastado e MILHÕES de pessoas morreram desnecessariamente – e continua…”, escreveu.

Fica claro que Zelensky já não faz parte da solução que os Estados Unidos gizaram para a Ucrânia – como já antes se tinha percebido que não fazia parte da solução para a Rússia. Para os comentadores, como é o exemplo do embaixador Seixas da Costa em declarações ao JE, esta nova postura pode mudar tudo. E coloca pressão sobre os ombros do presidente ucraniano, ao mesmo tempo que pressiona também a cimeira dos países europeus, a segunda em apenas uma semana, que decorre em Paris sob os auspícios de Emmanuel Macron.

Entretanto, vários jornais vieram desmentir que, como disse Trump, o índice de aprovação de Zelensky fosse de 4%: é de 57%, após três anos de invasão russa, de acordo com a última sondagem de opinião (por telefone) do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (KIIS), um número acima do de dezembro de 2024 (52%) e ligeiramente abaixo do de setembro de 2024 (59%).

De acordo com a sondagem realizada no início de fevereiro pelo instituto entre mil pessoas que vivem em território controlado por Kiev, 37% da população não confia em Volodymyr Zelensky, em comparação com 39% em dezembro de 2024 e 37% em setembro de 2024.

“O presidente Zelensky mantém um nível bastante alto de confiança na sociedade” e “mantém sua legitimidade”, particularmente no contexto de possíveis negociações de paz, comentou o KIIS quando divulgou estes resultados. Zelensky foi eleito presidente em abril de 2019 e, em 2023, explicou que é impossível realizar eleições sob lei marcial, quando milhões de ucranianos fugiram para o exterior e 20% do país está sob controle russo.

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