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“Para o ano vamos ter o foco no total cumprimento do plano estratégico”, diz Paulo Macedo

A atuação da comissão executiva da CGD na redução do crédito malparado também teve nota positiva. “Estamos muito além relativamente aos NPL”, frisou Paulo Macedo. “Não só porque o target inicial era de 12% para 2020, como agora é 7% para 2020 e agora estamos em 6,6% a esta data e esperamos encerrar o ano com o montante significativamente inferior, perto dos 5%”, explicou o CEO do banco do Estado
  • Cristina Bernardo
8 Novembro 2019, 21h07

Apresentado em 2016 aquando da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Plano Estratégico ainda tem áreas para cumprir. Mas, a equipa liderada por Paulo Macedo já ultrapassou algumas das metas definidas para 2020.

Na conferência de imprensa que se seguiu à apresentação dos resultados trimestrais do banco do Estado, Paulo Macedo reforçou que o grande objetivo para 2020 é o de focar-se “no total cumprimento do Plano Estratégico”. Depois, o CEO da CGD fez um balanço que já cumpriu e do que falta cumprir.

Paulo Macedo abordou primeiro o que  ainda está por alcançar no Plano Estratégico. “Estamos aquém do plano na margem financeira”, disse Paulo Macedo. E explicou a queda homóloga de 2,2% no terceiro trimestre , que recuou para 287 milhões de euros. No acumulado dos nove primeiros meses, a margem financeira do banco do Estado fixou-se em 852 milhões de euros, o que compara com os 870 milhões verificados em igual período do ano anterior.

O CEO explicou que esta evolução se deveu à descida dos indexantes e adiantou que “como repricing do crédito é feito a taxas mais baixas e, por outro lado, a Caixa tem uma redução grande do volume de crédito por causa das empresas públicas e do setor público”, a margem financeira foi afetada.

“No setor público as grandes empresas estão a amortizar o crédito que têm nos bancos a taxas entre 1,5% e 2,5%, porque o Estado a três anos está a endividar-se a taxas negativas. Isto é igual para todos os bancos, mas o banco que tem a maior redução de crédito é o que tinha a maior exposição ao setor publico. A margem financeira está aquém aqui – mas também em todos os bancos”, adiantou Paulo Macedo.

Também no aumento das comissões, a CGD “está muito aquém” do que está previsto no Plano Estratégico. “O plano que o Estado acordou com a Direção Geral da Concorrência [para a recapitalização do banco, em 2016] previa um crescimento em quatro anos de cem milhões de euros”, nas comissões, disse o CEO do banco público.

Também em termos do ROE, a Caixa tem trabalho pela frente. “O que está previsto [no Plano Estratégico] é de 9% e a Caixa, apesar de ter uns resultados expressivos, só tem 8%”, explicou Paulo Macedo.

A equipa liderada por Paulo Macedo já conseguiu ultrapassar algumas imposições do Plano Estratégico. Desde logo, na remuneração ao acionista Estado. “A Caixa está a pagar dividendos e, portanto, se voltar a pagar dividendos, está muito além”, disse. Paulo Macedo admitiu ser “plausível” distribuir 250 milhões em 2020 em virtude dos resultados de 2019, desde que o Banco Central Europeu não se oponha.

Também no que diz respeito às dotações para o fundo de pensões, a Caixa “está além” do Plano Estratégico. “As dotações para o fundo de pensões extraordinárias previstas eram zero e já foram umas centenas de milhões que já foram abatidas aos nossos capitais próprias para dotar o fundo de pensões”, vincou o CEO do banco público. Desde 2016, a CGD já dotou o fundo de pensões em 575 milhões – 205 milhões em 2016, 56 milhões no ano seguinte, 190 milhões em 2018 e 120 milhões este ano.

A atuação da comissão executiva da CGD na redução do crédito malparado também teve nota positiva. “Estamos muito além relativamente aos NPL”, frisou Paulo Macedo. “Não só porque o target inicial era de 12% para 2020, como agora é 7% para 2020 e agora estamos em 6,6% a esta data e esperamos encerrar o ano com o montante significativamente inferior, perto dos 5%”, explicou o CEO do banco do Estado. Em setembro de 2019, a Caixa tinha no balanço quatro mil milhões em crédito malparado, dos quais 1,3 milhões dizem respeito a NPL líquidos de imparidades.

“Temos um balanço com menos crédito não performante – e relembro que nos NPL líquidos estamos nos 2,2%”, salientou o CEO da Caixa. “Temos menos crédito colaterizado por ativos na bolsa que deram maus resultados no passado.Os empréstimos que a Caixa tem hoje não estão tão dependentes da evolução dos colaterais, designadamente das ações cotadas, de bancos e outras entidades como no passado e aí a Caixa tem menos risco”, explicou Paulo Macedo.

“Também tem crédito dado com base em garantias reais, com um processo de avaliação muito mais corrente do que no passado e menos exposto ao risco de variações no imobiliário”, prosseguiu Paulo Macedo.

“No entanto nem tudo é positivo”, disse o CEO da Caixa. “Temos também divida que emitimos para fazer a recapitalização a uma taxa de 10,75%, portanto durante este período estamos a pagar este valor e esperamos amortizar e, se tudo correr bem, amortizar e o balanço da Caixa ficará menos onerado”.

Em suma, a Caixa tem “um balanço com mais capital” e  “com mais carteira de títulos, designadamente de dívida publica, embora estejamos conscientes que a remuneração da divida publica que está no ativo dos bancos está a ter cada vez menos remuneração”, disse Paulo Macedo.

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