A sueca Northvolt prepara-se para cortar custos de forma acentuada. Vai despedir um em cada cinco dos funcionários que tem a trabalhar na Suécia, numa redução de “aproximadamente 1.600 postos de trabalho”, informa a companhia no seu site.
A maioria dos despedimentos vão acontecer na fábrica que a empresa tem em Skellefteå, no norte da Suécia. Somam-se cortes de 400 empregos em Västerås e 200 em Estocolmo. O objetivo passa por fazer baixar as despesas, com o propósito de fazer face às dificuldades que a empresa enfrenta.
A Northvolt fabrica baterias de lítio para automóveis elétricos e equipamentos para armazenamento de energia. Esta segunda-feira, faz saber que o principal objetivo a curto prazo passa por acelerar a fábrica Northvolt Ett, até aos 16 GWh, além de informar que está focada em cumprir os acordos que tem com os seus parceiros da indústria automóvel (casos da Volkswagen e Volvo).
Em virtude da crise que está a ser atravessada pela companhia nórdica, que coincide com as dificuldades vividas pelo sector, o governo sueco esclareceu que rejeita um resgate à companhia. O primeiro-ministro, Ulf Kristersson, disse que “não é relevante para o Estado sueco entrar e tomar uma posição” e que o futuro da empresa deve ser assegurado pelos acionistas privados.
Recorde-se que, no passado mês de junho, a BMW pôs um ponto final no contrato de dois mil milhões de euros que tinha com a Northvolt.
A companhia conta com duas fábricas operacionais: Northvolt Ett na Suécia e Hydrovolt na Noruega. Um projeto foi cancelado: Northvolt Fem na Suécia. Para o projeto Northvolt Dwa na Polónia, a empresa procura parceiros. Já quatro outros projetos ainda estão em desenvolvimento Northvolt Six no Canadá, Northvolt Drei na Alemanha, Novo na Suécia e o projeto Aurora em Portugal.
“Há um potencial projeto de refinaria de lítio que têm em Portugal que pode ser cancelado ou adiado”, disse o analista Andy Leyland da SC Insights.
Entretanto, o projeto da refinaria de lítio para Setúbal vai fazendo o seu caminho, apesar de ter visto o seu custo subir de 700 milhões, estimado em 2022, para um valor entre os 1.100 e os 1.300 milhões de euros, tal como noticiou o JE na semana passada.
A Unidade Industrial de Conversão de Lítio (UICLi) está a ser desenvolvida pelo consórcio Aurora Lithium, da Galp e dos suecos da Northvolt.
A entrada em operação está prevista agora para 2028, dois anos mais tarde do que o inicialmente previsto. O projeto ainda aguarda pela decisão final de investimento pelos promotores. Por ano, vai sair daqui o lítio suficiente para equipar as baterias de 650 mil automóveis.
O BEI está a avaliar investir 825 milhões de euros nesta unidade, que será a maior da Europa quando for inaugurada.
O estudo de impacte ambiental (EIA) encontra-se em consulta pública até 24 de outubro.
Em termos de postos de trabalho, o promotor prevê a criação de 357 postos de trabalho diretos e três mil indiretos, “dos quais 70% altamente qualificados, assim como a nível nacional, pela promoção do crescimento sustentado da cadeia de valor das baterias de lítio em Portugal, através da produção de um produto que atualmente não integra a base produtiva do país”, segundo o documento.
Questionada pelo JE, a Galp explica o aumento dos custos e a entrada em operação do projeto em 2028: “O aumento do valor do investimento, atualmente estimado entre 1,1 e 1,3 mil milhões de euros, resulta do reforço da complexidade do projeto devido a um esforço de melhoria de processos de engenharia e de performance nas áreas ambiental –utilização integral de águas residuais, redução de emissões, componente de utilização de energias renováveis, etc. – e económica, e do aumento da sua capacidade das 28 para as 32 mtpa”.
Sobre a data em que podem tomar decisão final sobre o projeto, a companhia portuguesa afirma: “A Galp e a Northvolt continuam empenhadas na execução do projeto Aurora. No entanto, devido à natureza e complexidade do projeto, continuam a ser desenvolvidas ações (incluindo acesso a fundos nacionais ou europeus que nos permitam competir com outros projetos e que ainda não estão garantidos) e os estudos indispensáveis para a tomada de decisão final de investimento. É também determinante termos confiança sobre a data de início de produção de concentrado de espodumena das minas em Portugal”
No EIA pode-se ler que a refinaria tem uma vida útil prevista de 25 anos, com o objetivo de produzir anualmente 32 mil toneladas de hidróxido de lítio monoidratado, “utilizável para a fabricação do cátodo de baterias elétricas e podendo vir a ser usado tanto no mercado nacional como no internacional, estando, por isso, alinhado com a estratégia nacional para a transição energética, por via do seu contributo para o alcance das metas estabelecidas, através da produção de um material que permitirá a substituição gradual de veículos com motores a combustão por veículos elétricos”.
A companhia prevê o uso de lítio extraído em Portugal. “Como principal matéria-prima será usado concentrado de espodumena, obtido a partir de explorações em território português e/ou noutras fontes de minério existentes à escala global. Prevê-se ainda a utilização de sulfato de lítio ou carbonato de lítio, com Li equivalente a 8 t/h de espodumena, como matérias-primas intermédias, com objetivo de otimizar a capacidade de produção”.
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