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Partido do presidente de Ucrânia com vitória praticamente assegurada

Primeiro a presidência, agora o governo: o ator Volodimir Zelenski está a transformar a Ucrânia num pais totalmente novo. O novo Parlamento vai ser radicalmente diferente do que foi até aqui.
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
22 Julho 2019, 19h51

Volodimir Zelenski, ator e cómico, continua a surpreender: depois de ter sido eleito presidente da Ucrânia, prepara-se agora para ver o seu partido, o Servidor do Povo, ‘açambarcar’ as eleições para o parlamento, que decorreram no passado domingo. Numa altura em que estão contados mais de 80% dos votos, o partido de Zelenski tem, segundo revelam os jornais locais, cerca de 42%.

Se estes resultados se confirmarem, o partido – criado há algumas semanas – vai conseguir uma inédita possibilidade de formar um governo que não precisará de andar à procura de coligações para governar. A Ucrânia tem um sistema misto para a eleição do Parlamento: combina um voto para a lista dos partidos nacionais e outra de deputados distritais.

Paralelamente, o partido do ex-presidente Poroshenko, derrotado pelo ator em abril, alcançou apenas 8,4% dos votos. Desde logo, estes resultados querem dizer que o Parlamento se vai encher de caras novas e de cidadãos que até agora estavam completamente arredados da atividade política. É que Zelenski construiu um partido ‘à sua imagem e semelhança’: nada de nomes sonantes, nada de políticos que decidissem vestir a capa do arrependimento, nada de pessoas com relevância regional.

E a fórmula, mais uma vez, parece ter agradado ao ucranianos – que têm na corrupção uma das suas maiores dores de cabeça, depois de décadas a tratar com políticos que se imiscuíam nos negócios e vice-versa. Esta é, aliás, a razão que os analistas encaram como necessária e suficiente para que o fenómeno do surgimento de Zelenski tenha sido possível, e logo num país que tem os problemas que tem com a Rússia.

Moscovo já disse previamente que continua a seguir a política ucraniana com especial cuidado. “Vamos continuar a acompanhar de perto a situação na Ucrânia. Esperamos que o crédito recebido pelo novo Parlamento seja usado sabiamente para fins pacíficos e para o benefício de todo o país”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo de Vladimir Putin em comunicado.

Por se falar em Rússia, há outro dado importante: a plataforma de Yuri Boiko e Viktor Medvedchuk, abertamente pró-Rússia, atingirá quase 13% dos votos, o que é um indicador relevante e inesperado.

Entretanto, o presidente revelou no domingo, dia das eleições, que já iniciou consultas para nomear um novo primeiro-ministro, passo anterior ao da formação de um governo, e explicou que, em princípio, será um economista “sem passado político”.

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