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Pastéis de Belém: Receita que só 8 pessoas conhecem vale 9 milhões de euros por ano

O sucesso e o reconhecimento destes pastéis faz com que a loja tenha uma faturação anual de perto de nove milhões de euros, mas este valor não parece incentivar os gerentes a expandir a loja para outras zonas. Jornal espanhol “El Economista” veio a Lisboa conhecer o fenómeno do famoso doce português.
6 Janeiro 2020, 17h42

Os famosos e originais pastéis de Belém só se vendem numa loja, a mesma onde são produzidos. Na única loja ‘Pastéis de Belém’ há sempre fila para comprar a iguaria portuguesa, seja de turistas ou de cidadãos portugueses, sendo este considerado o “doce estrela de Portugal” pelo jornal espanhol ‘El Economista’.

A publicação espanhola falou com o atual responsável da pastelaria, que avançou não estar interessado na expansão de lojas ou na exportação do produto. Com uma única loja em Portugal e no mundo, os Pastéis de Belém têm uma faturação anual de 9 milhões de euros, com vendas da iguaria na ordem dos 75%.

A loja dos Pastéis de Belém situa-se no mesmo local que dá nome à pastelaria: Belém. Localizada no mesmo sítio, a pastelaria começou a produzir a iguaria em 1837 e, desde então, tem passado de geração em geração para os atuais proprietários. A receita, por sua vez, continua a ser igual à criada no século XX por monges que habitavam o Mosteiro dos Jerónimos.

Um dos três gerentes do estabelecimento é Miguel Clarinha, que falou com o jornal espanhol. O gerente assume que é uma das oito pessoas que conhece a receita original secreta. “A receita secreta hoje é conhecida por oito pessoas: quatro ou cinco chefs de pastelaria e os três gerentes: a minha prima, o meu pai e eu”, esclarece ao ‘El Economista’.

De acordo com a tradição de 183 anos, a massa folhada e o creme à base de ovo, leite e açúcar são elaborados na “Oficina do Segredo”, para que a receita permaneça no segredo dos deuses.

Nas últimas décadas, as padarias que também vendem o famoso pastel de Nata multiplicaram-se e o bolo português já é exportado para países como o Reino Unido, mas os reconhecidos pastéis de Belém continuam a reunir filas de clientes curiosos para descobrir a diferença entre os dois bolos que em aspeto são semelhantes.

O sucesso e o reconhecimento destes pastéis faz com que a loja tenha uma faturação anual de perto de nove milhões de euros, mas este valor não parece incentivar os gerentes a expandir a loja para outras zonas. Ao jornal espanhol, Miguel Clarinha afirma que a expansão do negócio iria tirar a magia dos bolos, uma vez que estes só podem ser adquiridos num único estabelecimento, sendo que a exportação também está fora de questão. “Não exportamos porque, para isso, teríamos de congelar os bolos e isso levaria a uma perda de qualidade que não seria justificada”.

Se a receita é secreta, o movimento que a loja apresenta é visível no passeio que tem o hábito de estar cheio. O verão é, assumidamente, o período mais movimentado do ano, sendo que são produzidas 45 mil unidades por dia, enquanto no restante ano este número cai para os 20 mil pastéis por dia, sendo que o Natal é a época mais baixa para a procura deste bolos, com os pasteleiros a produzir cerca de 16 mil bolos diariamente.

Com os pastéis de Belém a representar cerca de 75% da faturação da loja, os pasteleiros também produzem bolo inglês, marmelada de Belém, salgados, bolos sortidos e bolo rei e bolo rainha na época natalícia. Espanhóis, franceses, ingleses e brasileiros são os clientes estrangeiros mais comuns que podem ser encontrados na loja, e representam cerca de metade dos clientes atuais, sendo que há 20 anos a sua representação era apenas de 25%.

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