O CEO da CGD, Paulo Macedo, falava na conferência de imprensa de apresentação de resultados do primeiro trimestre, e questionado sobre o perdão de dívida ao Grupo SAG, recusou-se a divulgar a exposição concreta da CGD, mas disse que o banco era um dos dois, num grupo de quatro, “com menos créditos a este grupo”. Recorde-se que os quatro bancos (CGD, BCP, Novo Banco e BPI) acordaram um perdão de dívida de 116 milhões no âmbito da venda da SIVA aos alemães da Porsche Holding.
“Este acordo foi trabalhado ao longo de um ano ou oito meses e o facto de termos feito este acordo não leva a CGD a ter de constituir imparidades adicionais, às que estavam constituídas antes”, disse o presidente do banco.
“Até agora ainda não consegui libertar imparidades”, ironizou Paulo Macedo quando questionado se esperava libertar imparidades ja constituídas para este crédito.
O CEO do banco lembra que a insolvência não era uma melhor opção e que há bancos que deram garantias bancárias e que em caso de insolvência iriam ser acionadas.
Paulo Macedo justificou que a opção de perdoar parte dos créditos ao Grupo SAG foi a melhor do ponto de vista da capacidade de reembolso à Caixa e do ponto de vista social, uma vez que permite salvar 650 postos de trabalho.
No que se refere às contas, a CGD melhorou o stock de imparidades que ainda assim soma 3 mil milhões de euros. No primeiro trimestre reduziu em 300 milhões o stock de imparidades.
As novas imparidades foram de 9 milhões de euros (0,06% ou 6 pontos base de custo do crédito). No entanto no trimestre houve write-offs de 300 milhões e venderam-se carteiras de crédito pelo valor líquido de imparidades (e como tal abate às imparidades).
Paulo Macedo revelou ainda que entre contribuições extraodinárias do setor bancário, contribuição para o Fundo de Garantia Depósitos, para os dois Fundos de Resolução, taxas de supervisão e despesas administrativas do Conselho único de Resolução, a CGD pagou este ano 71,6 milhões de euros. “Desde a recapitalizacão, janeiro de 2017, a Caixa pagou 240 milhões de euros”, disse o banqueiro.
Tendo em conta que a maioria destas taxas são sobre o passivo, logo os depósitos, o banco está condenado a pagar mais se quiser continuar a aumentar a captação de depósitos.
A contabilização de todos os custos regulatórios em 2019 teve um impacto negativo de 60 milhões no resultado líquido.
O banco vendeu este ano o edifício da Rua do Ouro ao grupo Sana por 60 milhões de euros com uma mais valia de 50 milhões, o que teve um impacto de 36 milhões nos resultados consolidados.
O banco está ainda a vender a CGD no Brasil e estão na fase de selecionar (de entre aqueles que manifestaram interesse) quem reúne condições para assinar o acordo de confidencialidade, disse Francisco Cary que revelou um calendário indicativo para as propostas non-binding (na proximas duas semana). O banco conta ter em sete ou oito semanas as binding offers, de modo a ter escolhido até ao fim de julho o comprador.
O CEO da CGD, na sequência das questões dos jornalistas, disse ainda que já tinha escolhido os escritórios de advogados que vão analisar as possíveis ações de responsabilidade civil contra ex-gestores do período entre 2000 e 2015. Uma avaliação que já está a ser feita e cujo relatório deverá ser entregue até ao verão. São eles a VdA, a Linklaters e a Serra Lopes e Associados.
Já sobre a distribuição de 200 milhões de euros em dividendos (relativos a 2018), Paulo Macedo disse que isso “não significa que está tudo a correr às mil maravilhas — caso contrário, já teríamos rating de investment grade”.
Segundo Paulo Macedo, mesmo depois de pagar dividendos ao único acionista (o Estado), a CGD fica confortável em termos de rácios de capital (que servem para avaliar a solvabilidade do banco)..
(Em atualização)
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