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Paulo Pedroso critica Ferro Rodrigues por “mostrar ostensivamente” diferenças entre altas esferas do Estado e pessoas comuns

Ex-secretário de Estado do atual presidente da Assembleia da República reagiu às novas declarações de Ferro Rodrigues sobre a deslocação a Sevilha, onde Portugal joga com a Bélgica nos oitavos de final do Euro 2020, ao mesmo tempo que a Área Metropolitana de Lisboa enfrenta restrições à deslocação devido à pandemia de Covid-19.
  • Paulo Pedroso
25 Junho 2021, 18h30

O ex-ministro socialista Paulo Pedroso criticou nesta sexta-feira Ferro Rodrigues após o presidente da Assembleia da República ter voltado a referir-se à deslocação que irá fazer no domingo a Sevilha, para assistir ao Portugal-Bélgica dos oitavos de final do Euro 2020, escrevendo no Twitter que a segunda figura do Estado “não perde uma ocasião de mostrar ostensivamente a dessintonia entre a liberdade de circulação das altas esferas do Estado e a preocupação da pessoa comum que não pode ir visitar a avó a Santarém”.

Paulo Pedroso referia-se às declarações de Ferro Rodrigues no final da sessão plenária desta sexta-feira, na qual o presidente da Assembleia da República se despediu dos deputados desejando-lhes um bom fim-de-semana, “aos que puderem em Sevilha”. Dois dias antes, à saída do estádio em Budapeste onde decorreu o Portugal-França, disse esperar “que os portugueses se desloquem de forma massiva” à cidade espanhola onde a Seleção irá jogar, o que lhe valeu críticas devido à atual situação da pandemia de Covid-19 em Portugal e às restrições à circulação durante os fins-de-semana na Área Metropolitana de Lisboa.

As declarações de Ferro Rodrigues foram criticadas por políticos de vários quadrantes, incluindo o social-democrata Ricardo Baptista Leite, que se referiu ao “apelo infeliz” do presidente da Assembleia da República, mas Marcelo Rebelo de Sousa – que também se deslocará a Espanha no domingo para assistir ao jogo -, desvalorizou a polémica. “O que percebi foi que ele apelou aos que puderem ir que vão, para termos um apoio significativo. Mas está implícito que respeitem as regras e só vão aqueles que possam ir”, disse o Presidente da República na quinta-feira.

Já o primeiro-ministro, António Costa, que planeia assistir ao Portugal-Bélgica pela televisão em casa, disse que “os responsáveis políticos devem concentrar-se na função respetiva em vez de andarem a comentar-se uns aos outros”, acrescentando que “as televisões já estão cheias de comentadores”.

Por seu lado, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, foi cautelosa ao abordar o tema nas perguntas dos jornalistas após o anúncio do recuo no processo de desconfinamento devido ao aumento do número de casos de Covid-19 e à maior prevalência da variante nepalesa do coronavírus. Começando por dizer que nunca comenta declarações de titulares de outros órgãos de soberania, acabou por alertar que “este é um momento crítico da evolução da pandemia em Portugal”.

Pedroso foi secretário de Estado de Ferro Rodrigues nos dois executivos de António Guterres, substituindo-o enquanto ministro do Trabalho e Solidariedade em março de 2001, quando o atual presidente da Assembleia da República assumiu a pasta do Equipamento Social, após a demissão de Jorge Coelho na sequência da queda da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios. Envolvido no processo da Casa Pia, tendo sido preso preventivamente enquanto arguido por abuso de menores, Pedroso foi ilibado e acabou por ver reconhecido pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que as razões apresentadas para a sua detenção eram insuficientes, condenando o Estado a indemnizá-lo. Mais recentemente deixou de ser militante do PS.

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