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Paulo Portas pede discurso moderado sobre migração e critica quem governa para “os likes”

O ex-governante e antigo líder do CDS-PP considera que “não é possível nem desejável” que haja uma política de imigração zero na Europa e alerta que nesta, tal como em outra matérias, não deve prevalecer o “politicamente moderno”. 
11 Março 2020, 12h15

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas defendeu esta quarta-feira a necessidade de os partidos moderados se unirem para dar resposta aos desafios da política migratória na Europa. O ex-governante e antigo líder do CDS-PP considera que “não é possível nem desejável” que haja uma política de imigração zero e alerta que nesta, tal como em outra matérias, não deve prevalecer o “politicamente moderno”.

“Enquanto não houver uma política migratória apoiada por todos, porque é do interesse de todos, a vergonha que nós passamos por uma coisa chamada compromisso de Dublin, que transforma a Grécia, Espanha e Itália em destinos forçados e reguladores únicos dos fluxos migratórios, pela simples razão de que têm uma costa, é inaceitável. Temos a barbaridade às nossas portas”, defendeu Paulo Portas, na abertura do segundo dia da convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL), na Culturgest, em Lisboa.

O ex-ministro considera que uma política de imigração zero “não é possível nem desejável” e por isso é urgente encontrar um consenso entre “gente moderada e responsável, no centro-esquerda e no centro-direita, capaz de não desertar do debate sobre as migrações”. Segundo o democrata-cristão, foi de um desses debates que os moderados europeus desertaram deixando às “responsabilidades extremistas o discurso sobre as migrações”.

Paulo Portas diz que a União Europeia (UE) tem de ser capaz de definir uma política que convenha aos europeus e que os dignifique, tendo em conta que os europeus são “os herdeiros da tradição cultural judaico-cristã”. Caso contrário, as políticas de imigração organizadas por terceiros ganham força, quer “sejam indústrias de tráfico de pessoas ou líderes chantagistas”, defendeu.

“Migrar para a Europa é um ato neutral do ponto de vista dos valores ou implica a adesão aos valores europeus?”, questionou Paulo Portas, sublinhando que a Europa tem de se afirmar no panorama internacional, correndo o risco de, se não o fizer, “tornar-se irrelevante”.

Para este debate, o ex-governante entende que não deve prevalecer um discurso do politicamente correto, mas um discurso atento à realidade de forma crítica e sem complexos. “Governar para os likes está muito na moda. Mas governar às vezes gera likes, outras vezes não”, sublinhou. “A maior fábrica de trumpistas é o politicamente correto”.

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