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Paulo Rangel espera ver Rui Rio primeiro-ministro a “curto prazo” e revela-se “convertido” ao referendo da eutanásia

Eurodeputado disse que António Costa poderá ser forçado a demitir-se da próxima vez que ameaçar fazê-lo e criticou um “governo de encenações” e de “ministros invisíveis”, apelando a Rui Rio para contar com os “candidatos dignos” Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz.
8 Fevereiro 2020, 19h30

O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel terminou a sua intervenção no Congresso do PSD, que decorre em Viana do Castelo até domingo, entusiasmando a plateia com a convicção de que “vamos ser governo a curto-prazo e que será com Rui Rio a primeiro-ministro de Portugal que vamos conseguir esse desígnio”.

A tese de que a presente legislatura poderá ficar a meio foi defendida pelo vice-presidente do Parlamento Europeu ao dizer que da próxima vez que António Costa “tiver medo e ameaçar com a demissão” – naquilo a que chamou “governo do pastor e do lobo”, na medida em que o líder do Executivo minoritário do PS coloca o cenário de demissão “de cada vez que o PSD apresenta uma medida diferente e que tem de ser aplicada responsavelmente” -, o primeiro-ministro “é capaz mesmo de ter que demitir-se”.

Referindo-se ao chumbo da redução do IVA da eletricidade na votação final do Orçamento do Estado, Rangel dirigiu-se à comunicação social para contestar a visão de que o PSD impediu a aplicação da medida ao voltar atrás na intenção de aprovar um aditamento do PCP nesse sentido, alegando que seria irresponsável fazê-lo sem contrapartidas. E também recordou as palavras da ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, que apontou o coronavírus como positivo para as exportações portuguesas, alegando que “se houvesse uma ministra ou ministro do PSD a fazer as declarações que a ministra da Agricultura fez era obrigado a demitir-se no minuto seguinte”.

“O que seria se tivéssemos nomeado uma procuradora-geral da República que está a tentar silenciar o Ministério Público?”, inquiriu ainda o eurodeputado, que lançou críticas contundentes sobre “um governo de encenações” e “de ministros invisíveis”. Um estatuto que aplicou aos responsáveis pelas pastas do Planeamento, Mar, Administração Pública e Coesão Territorial, bem como à ministra da Justiça, Francisca van Dunem, “que só se vê muito raramente”.

Referendo “para não acabarmos como a Holanda”

Mas Paulo Rangel também anunciou que se convenceu da necessidade de realizar um referendo sobre a eutanásia, como foi defendido numa das moções temáticas apresentadas no congresso social-democrata. “Precisamos de um referendo porque não há discussão nem debate na sociedade portuguesa. Não se pode tomar uma decisão destas nas costas dos portugueses”, defendeu o eurodeputado, apelando à criação de um movimento pró-referendo “para não acabarmos como a Holanda, onde vão dar às pessoas com mais de 70 anos um comprimido para se suicidarem quando quiserem”.

Apoiante de Rui Rio nas diretas que reconduziram o antigo presidente da Câmara do Porto na liderança do PSD, Paulo Rangel adotou um tom conciliador para o interior do partido, assegurando que o partido deve contar com os “candidatos dignos” Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz. “O partido contará com os dois para construirmos esse grande projeto social-democrata para Portugal e para os portugueses. O nosso projeto é reformista e reformador, um projeto de mudança da sociedade portuguesa, para acabar com este crescimento anémico, para acabar com a dívida publica, com a dívida externa, para no médio prazo colocar este país num horizonte de prosperidade”, disse o eurodeputado, muito aplaudido ao recordar que Viana do Castelo recebeu o primeiro congresso marcado pela ausência do carismático assessor de imprensa Zeca Mendonça, falecido em 2019.

 

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