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Pedro Calado diz que relacionamento próximo com Albuquerque “não vai interferir” naquilo que são os interesses do Funchal

O candidato do PSD/CDS-PP à Câmara do Funchal diz que vai defender de forma intransigente os direitos da população mas respeitando institucionalmente o Governo Regional, ao contrário do que acontece com o atual executivo camarário que “anda de costas voltadas” para o executivo regional.
20 Setembro 2021, 07h45

O candidato do PSD/CDS-PP à Câmara do Funchal, Pedro Calado, em entrevista ao Económico Madeira, assume o compromisso, caso seja eleito, de cumprir o mandato até ao final, ao contrário do que aconteceu com Paulo Cafôfo, eleito pela Coligação Confiança, que renunciou ao mandato para ser o cabeça-de-lista do PS às eleições regionais.

Pedro Calado, que foi vice-presidente do executivo madeirense, liderado por Miguel Albuquerque, considera que existem diferenças entre a renúncia de Paulo Cafôfo à presidência da Câmara do Funchal, e a sua saída da vice-presidência do Governo Regional.

O candidato do PSD/CDS-PP diz que o seu relacionamento próximo com Miguel Albuquerque, com quem esteve quer na Câmara do Funchal quer no Governo Regional, “não vai interferir” naquilo que são os interesses do Funchal caso venha a ser eleito.

O relacionamento próximo que tem tido com Albuquerque, quer na Câmara Municipal do Funchal como no Governo Regional, não vai interferir naquilo que são os interesses do Funchal?

Nunca. Nem poderia ser de outra maneira. Se interferirem só vão interferir de forma positiva e para a defesa intransigente dos interesses da população.

Há uma coisa que eu não vou permitir que aconteça que é aquilo que está a se passar neste momento. Nós temos uma Câmara Municipal do Funchal que faz gala em gerir, e estar sempre de costas voltadas, para o Governo Regional. Não há diálogo institucional possível porque os senhores que estão neste momento à frente da Câmara olham para o Governo Regional como se de um inimigo fosse. Qualquer tentativa de aproximação e de diálogo é sempre muito complicada.

E um bom exemplo disso é o relacionamento que nós temos ente a Águas e Resíduos da Madeira (ARM) e o município do Funchal. A ARM não recebe o pagamento das faturas da água que é devido. Porque a ARM é que fornece a água em alta para o concelho do Funchal nunca deixou de cumprir com as suas obrigações. Coisa que o concelho do Funchal não faz. Pura e simplesmente não paga as faturas da água à ARM como todos os outros municípios o fazem.

Este tipo de relacionamento e de prepotência, e de má gestão dos dinheiros públicos, que a Câmara do Funchal tem feito, põe até em causa inclusivamente a própria subsistência da ARM para todos os outros municípios. Isto é uma gestão irracional, é uma gestão irresponsável que está a ser feita neste momento por parte do concelho do Funchal e por parte desta gestão camarária.

Isto é uma coisa que não vai acontecer connosco na presidência da Câmara. O que vai acontecer é a defesa intransigente dos direitos da população mas respeitando institucionalmente o Governo Regional, e incentivando um diálogo institucional e positivo com todo o Governo, beneficiando até de conhecimentos e de relacionamentos que possam existir com todas as entidades. Se trabalharmos todos em equipa ganhamos nós, ganham os funchalenses, ganha a população.

Tocou na questão da ARM. Caso vença, esta questão ficará resolvida e como ficará resolvida?

Esta questão vai ficar resolvida. Mas eu aproveito publicamente, para transmitir, para denunciar, uma calúnia, e mais uma mentira do senhor Miguel Gouveia, em relação à nossa candidatura.

O senhor Miguel Gouveia anda dentro dos serviços da Câmara do Funchal, e sobretudo no Departamento de Águas e de Ambiente a dizer que a nossa candidatura ‘Funchal Sempre à Frente’, e o Pedro Calado, se um dia forem eleitos, vão privatizar as águas da Câmara Municipal do Funchal e que vai deixar de haver Departamento de Ambiente e Águas e que vamos privatizar para a ARM.

Eu nunca disse isso. Isso é mentira e espero que o senhor presidente da Câmara um dia assuma a mentira que ele tem transmitido aos trabalhadores da Câmara do Funchal.

Nós já estivemos oito anos na Câmara do Funchal, eu era vereador com o pelouro das Finanças, e fui vice-presidente da Câmara. Nós nunca privatizamos as águas nem o Departamento de Ambiente da Câmara. Nós sempre lutamos pelos interesses dos nossos profissionais.

Agora uma coisa é termos o nosso Departamento de Água e de Ambiente da Câmara. Darmos melhores condições aos nosso funcionários. Outra coisa é estarmos de costas voltadas para a ARM. A ARM se fornece a água à Câmara a Câmara tem de pagar essa água à ARM. Nós temos de cumprir com os contrato de fornecimento da água, tal como os munícipes cumprem o pagamento da água para com a Câmara. Neste momento aquilo que está a acontecer é que a Câmara recebe a água da ARM, recebe o dinheiro dos munícipes, pura e simplesmente a Câmara fica com o dinheiro, e não paga a água à ARM. Isto é a mesma coisa que termos um fornecedor, um dono de um restaurante, que fornece as refeições a uma pessoa, e essa pessoa nunca lhe paga as refeições. E essa pessoa pega nessas refeições e vende a terceiros e recebe o dinheiro. Aquilo que a Câmara está a fazer é ilegal. Por isso é que os processos estão ir todos para Tribunal, e por isso é que Câmara está a perder todos os processos que estão a ser postos em Tribunal. E vai continuar a perde-los.

Aquilo que vamos fazer é cumprir com as obrigações que existem com a ARM. Vamos pagar e encontrar uma forma e um plano de pagamentos para fazer com a ARM. Nunca vamos privatizar, e que isto fique muito claro. O Departamento de Águas e Ambiente na Câmara vai continuar a existir. Vamos é dar melhores condições aos nossos trabalhadores, aos trabalhadores municipais, vamos dar condições para trabalharem melhor, para trabalharem corretamente, dentro dos seus turnos, e não explorarmos os trabalhadores do município, como esta Câmara está a fazer, que os obriga a trabalhar entre turnos, não paga horas extraordinárias, e não revê as condições salariais dos sues trabalhadores. Isso nunca vamos fazer.

Esta questão da ARM e dos trabalhadores tem sido uma mentira desmedida que eles têm anunciado. Isso é mentira.

E outra coisa é o compromisso com o Município do Funchal. É irreversível esta minha decisão de ter saído do Governo e de encarar o objetivo da Câmara.  Em circunstância alguma vou voltar atrás independentemente dos resultados eleitorais. O meu compromisso é quatro anos com a Câmara do Funchal e ponto final.

Está disponível a ter uma postura reivindicativa junto de Miguel Albuquerque?

O próprio presidente do Governo Regional já me conhece há muitos anos e sabe como é que eu trabalho e sabe como se deve trabalhar em prol da defesa da população. Vou-lhe dar um exemplo. O senhor presidente da Câmara de Câmara de Lobos, Pedro Coelho, é presidente do município, tal como poderia dar outros exemplos, mas ele é da mesma cor política do senhor presidente do Governo Regional, e nunca deixou de ter uma postura reivindicativa para com o Governo Regional para fazer obras e para desenvolver aquilo que tinha que ser desenvolvido no concelho de Câmara de Lobos.

Quem é presidente do Governo Regional tem de estar habituado e tem de esperar uma postura dessa forma. Nós vamos ser reivindicativos. Vamos atuar de forma coerente e correta, para com o Governo Regional, mas sempre defendendo os interesses e querendo desenvolver a cidade do Funchal como não poderia deixar de ser de outra forma. Há separação de águas. Câmara é Câmara. Governo é Governo. Enquanto Câmara eu vou defender os interesses dos funchalenses. Enquanto Governo Regional com certeza que vão querer fazer o melhor para o benefício de toda a população que é aquilo que se espera também do Governo Regional. Enquanto presidente da Câmara vou lutar pelos interesses de toda a nossa população.

Existe sempre aquele rumor de que eventualmente o Pedro Calado possa ser um bom candidato a presidente do Governo Regional ….

Eu compreendo isso. É melhor esse sentimento, do que o sentimento das pessoas olharem para o Pedro Calado, ainda bem que ele vai sair do Governo, ainda bem que estamos tão fartos dele. Ainda bem que ele vai embora. É bom sair com sentimento positivo.

Agora eu não posso nem vou assumir qualquer compromisso com a população e aqui há uma diferença, mas há diferenças nos cabeças de lista. O compromisso de um presidente é uma coisa, o compromisso de um secretário regional, ou de um outro membro da equipa, é outra.

Por alguma razão quem é eleito é o presidente do Governo. Os outros membros do Governo não são eleitos, os outros membros são escolhidos pelo presidente do Governo. São coisas diferentes. Em qualquer momento o presidente do Governo pode prescindir do elemento a, b, c, ou d. Em qualquer altura dos quatro anos.

O que eu estou a dizer, enquanto presidente da Câmara do Funchal, o meu compromisso é por quatro anos. E nesses quatro anos eu vou assumir integralmente esse mandato até ao final.

E Deus queira que no final desses quatro anos, em 2025, eu sinta que o trabalho foi tão bem feito, e que a população gostou, que o meu desejo nessa altura é me candidatar, ou me recandidatar a fazer mais quatro anos na Câmara do Funchal. Isso então era aquilo que eu mais ansiava, e desejava, era não ficar apenas quatro anos, fazer oito anos de governação na Câmara do Funchal, e ter tempo de implementar as minhas obras e aquilo que tenho na cabeça para fazer.

Quanto ao Governo Regional esse capítulo na minha vida está fechado. Estive quatro anos no Governo. Fizemos o trabalho que tínhamos a fazer. Agora o Governo está com outras pessoas. Vai dar continuidade ao trabalho que se fez, de manutenção do programa de Governo, das políticas. Esse capítulo na minha vida está encerrado.

Nem que o presidente do partido diga Pedro Calado precisamos de si, tal como aconteceu para a Câmara do Funchal ….

Se foi o presidente do partido que neste momento também me incentivou a assumir este projeto, enfim nós não somos donos da cabeça. Se há este compromisso vamos com este compromisso até ao final. São coisas distintas. E estamos a assumir um compromisso com a população. É para ser cumprido e não há volta a dar.

Edição do Económico Madeira de 10 de setembro.

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