As operadores de telecomunicações têm investido dezenas de milhões de euros “na criação de capacidades de identificação, proteção e resposta a ameaças” cibernéticas, diz Pedro Mota Soares, secretário-geral da Associação dos Operadores de Comunicações Eletrónicas (Apritel), em entrevista ao Jornal Económico (JE), sublinhando que “Portugal está entre a elite mundial no que respeita à cibersegurança”.
Numa conversa a propósito do papel das telecomunicações no comércio online – por ocasião da Black Week – por um lado, e das ameaças com que os consumidores se deparam nesta época, o antigo ministro recordou os números do relatório anual da Anacom sobre o comércio eletrónico em Portugal e na União Europeia (UE), segundo o qual 95,4% dos portugueses que fizeram compras recentemente através da internet referiram não ter existido qualquer problema com a transação. Portugal ficou, assim, em primeiro no ranking europeu (29,7 p.p. acima da média do espaço europeu).
Questionado sobre a importância das operadoras nestas efemérides pautadas por um elevado consumo, Pedro Mota Soares responde com números. “Nos últimos sete anos, os operadores de comunicações eletrónicas investiram dez mil milhões de euros no país, garantindo às famílias e às empresas redes mais rápidas, resilientes e seguras. São essas redes que os ligam ao mundo e que permitem pesquisar, comprar e vender sem sobressaltos em períodos caracterizados por picos de tráfego e de consumo como a Black Week”, analisa o ex-ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
“É graças à conetividade que o comércio tem vindo a transferir-se das lojas convencionais/espaços físicos para o digital. Não por acaso mais de metade dos portugueses já adquire bens ou serviços através da internet e o volume de transações online deverá atingir este ano mais de 12 mil milhões de euros, segundo o relatório E-commerce Report 2024 dos CTT, fixando um novo recorde”, acrescentou.
Citando dados do Observatório de Cibersegurança, os cibercrimes que foram denunciados às autoridades, que se estima serem apenas cerca de 15% do total, diz Pedro Mota Soares, aumentaram 13% entre 2022 e o ano passado.
Nos dois anos passados, “mais de 40% das pequenas e médias empresas (PME) sofreram ataques”.
Segundo Pedro Mota Soares, os operadores de telecomunicações “estão especialmente bem posicionados para democratizar o acesso das PME a serviços de segurança a que de outra forma dificilmente chegariam, destacando-se, neste contexto, os produtos de proteção perimétrica, de rede e identidade, as soluções de proteção de conteúdos e aplicações expostas à internet ou as ferramentas que possibilitam a recuperação de dados críticos, prevenindo a tentação de ceder à extorsão do ransomware”, explica, defendendo que esse papel pode ser estendido à “transformação e digitalização da Administração Pública, tanto central como local”.
Ao aumento do volume de compras online na Black Week está associado a subida do risco de ciberataques e fraudes digitais. Trazendo à conversa números da fornecedora de serviços de cibersegurança S21Sec, em novembro foram detetados acima de seis mil novos domínios registados com a expressão “blackfriday”, o que traduz mais 138% em relação aos números do ano passado.
“Grande parte destes domínios visam pôr em prática esquemas fraudulentos, entre os quais anúncios falsos, frequentemente difundidos em redes sociais e sites patrocinados, que redirecionam os consumidores para páginas maliciosas com ofertas fictícias, geralmente com preços invulgarmente baixos. Os ataques de phishing estão entre as ameaças mais frequentes, por via da imitação de marcas com notoriedade ou envio de links/vouchers/cupões fraudulentos por correio eletrónico”, diz Pedro Mota Soares.
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