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“Perseguição política”: Manuel Heitor critica postura de Trump contra Harvard

O Governo norte-americano tem ameaçado não só cortar o financiamento à Universidade de Harvard como também em proibir a matrícula de estudantes internacionais na instituição de ensino. Antigo ministro da Educação fala em “espanto e repúdio”.
Manuel Heitor, Ministro das Ciências Tecnologias e Ensino Superior
28 Maio 2025, 09h56

O antigo ministro e secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, e do Ensino Superior, Manuel Heitor (em governos de António Costa e José Sócrates), repudiou e considerou, em declarações ao programa ‘Ponto Central’ da Antena 1, que o Governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, tem tido relativamente à Universidade de Harvard tem contornos de perseguição política.

Recorde-se que o Governo norte-americano tem ameaçado não só cortar o financiamento à universidade norte-americana como também proibir a matrícula de estudantes internacionais.

O executivo presidido por Trump tem acusado a instituição de ter um comportamento antissemita criticando desta maneira o apoio à Palestina. O Governo norte-americano quer também que a instituição coloque fim aos programas de diversidade, igualdade e inclusão.

A Reuters avançou que o impedimento da matrícula de estudantes internacionais teria um impacto “devastador imediato” sobre Harvard tendo em conta que a universidade tem mais de sete mil portadores de vistos sendo que 27% dos estudantes matriculados, só este ano, eram internacionais.

A Universidade de Harvard já colocou em tribunal a decisão do executivo norte-americano em cortar o financiamento à instituição de ensino superior. Mas isso não tem travado as intenções do executivo. Esta terça-feira, Donald Trump, na sua rede social Truth Social, ameaçou retirar três mil milhões de dólares a Harvard e redirecionar esse dinheiro para as escolas profissionais norte-americanas.

Esta semana, a justiça norte-americana decidiu travar a intenção do governo de impedir a matrícula a alunos estrangeiros, por duas semanas, embora o governo ainda possa recorrer dessa mesma decisão.

“Harvard? Nunca notei antissemitismo”

No programa ‘Ponto Central’ da Antena 1, Manuel Heitor, ministro no Governo de António Costa entre 2019 e 2022 e também secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior nos governos de José Sócrates entre 2005 e 2011, e que foi professor em Harvard, considerou que aquando da sua passagem pela universidade “nunca notou” existir uma “atitude de antissemitismo”, contrariando desta maneira as acusações feitas pelo executivo presidido por Donald Trump.

Manuel Heitor salientou que a universidade é conhecida como tendo um “espírito aberto e crítico, e por induzir o pensamento crítico” dos seus estudantes e investigadores.

Manuel Heitor disse ainda, à Antena 1, que a postura que o governo norte-americano tem tido perante Harvard “é uma perseguição política que era impensável” até há poucos meses, acrescentando que tal postura há uns meses pensava-se que “seria impossível de acontecer” mas que “está a acontecer”.

O antigo governante disse ainda que “não compreende” como é que o partido democrata “não responde” à decisão tomada pelo governo presidido pelo partido republicano. Manuel Heitor disse ainda que em contactos com colegas de Harvard notou que tem existido “um espanto e repúdio” pelas decisões que o governo tem tomado relativamente à universidade, e que o impacto dessas mesmas medidas “é desastroso”.

No que diz respeito ao corte de financiamento anunciado pelo governo dos Estados Unidos, Manuel Heitor referiu que terá “impacto no fecho de laboratórios e despedimento de técnicos e docentes”.

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