A Petrobras foi a petroleira que mais pagou dividendos a acionistas no segundo trimestre de 2024, de acordo com o levantamento feito pela consultora Janus Henderson. A petrolífera distribuiu 4,1 mil milhões de dólares (cerca de 3,7 mil milhões de euros), figurando em 13° lugar na lista das maiores pagadoras globais.
O estudo é feito trimestralmente com a análise dos dividendos de 1.200 empresas em todo o mundo. A edição divulgada na semana passada mostra um novo recorde na remuneração dos acionistas, com um total de 606 mil milhões de dólares (cerca de 546 mil milhões de euros) distribuídos.
A Petrobras já ocupou o segundo lugar na lista em 2022, mas ficou fora do top 20 no ano passado. No segundo trimestre de 2024, foi a única petroleira entre as 20 maiores pagadoras de dividendos, num ranking liderado pelo banco britânico HSBC.
Os dividendos da Petrobras foram tema da campanha eleitoral de 2022 após distribuição de valores recorde numa altura de alta dos preços dos combustíveis para os brasileiros. Foi alvo do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e chegou a ser criticada até pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Após o início do governo Lula, a empresa estatal alterou sua política de remuneração aos acionistas, reduzindo de 60% para 45% a parcela do fluxo de caixa livre destinada aos dividendos.
Ainda assim, o tema voltou a gerar polémica com a divulgação do resultado financeiro da empresa em 2023, quando a administração, então comandada por Jean Paul Prates, sugeriu a distribuição de todo o lucro excedente do ano, um valor que chegava a 44 mil milhões de reais (cerca de 7,1 mil milhões de euros).
Com aval dos ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil, a proposta foi derrubada por representantes do governo no conselho de administração da empresa, dando início a uma crise que culminou com a demissão de Prates e a indicação de Magda Chambriard para presidir à companhia.
Depois da troca no comando, o governo recuou e recomendou a distribuição de metade desse valor e a análise do pagamento restante até o fim deste ano.
Ao divulgar o balanço do segundo trimestre, já sob o comando de Magda, a Petrobras anunciou a distribuição de outros 13,6 mil milhões de reais (cerca de 2,2 mil milhões de euros) em dividendos, mesmo tendo registado um prejuízo de 2,6 mil milhões de reais no período (cerca de 420 milhões de euros) — segundo a empresa, um resultado “pontual” causado por perdas contábeis.
Segundo a Janus Henderson, o valor distribuído pelas empresas a seus acionistas no segundo trimestre de 2024 representa alta de 8,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Um terço da alta foi provocada por bancos, principalmente os europeus.
Seguradoras, construtoras automóveis e empresas de telecomunicações também deram uma contribuição relevante, diz a consultora, que prevê um recorde anual de distribuição de dividendos em 2024, com 1,74 biliões de dólares (cerca de 1,57 biliões de euros).
“Em todo o mundo, as economias, de modo geral, suportaram bem o ônus das taxas de juros mais altas”, disse, em nota, Jane Shoemake, gerente de portfólio de clientes do time Global Equity Income na Janus Henderson.
“A inflação desacelerou, enquanto o crescimento econômico foi melhor do que o esperado. As empresas também se mostraram resilientes e, na maioria dos setores, continuam a investir para o crescimento futuro”, completou.
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