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Ministério Público de Cabo Verde investiga vice-primeiro ministro

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, disse não haver motivos para demitir o vice-primeiro ministro, como sugerira o PAICV, principal partido da oposição, por causa de um suposto “tráfico de influência” no agravamento das taxas alfandegárias de lacticínios e sumos a favor da empresa cabo-verdiana Tecnicil, um assunto, entretanto, sob investigação do Ministério Público.
8 Março 2018, 11h20

A Procuradoria geral da República de Cabo Verde já confirmou a abertura de um inquérito para averiguar se o vice-primeiro ministro de Cabo verde, Olavo Correia, cometeu crime de “tráfico de influência” no aumento das taxas aduaneiras para leites e sujos de fruta para poder beneficiar a empresa cabo-verdiana Tecnicil, onde tem 5% das acções (passara outros 5% à sua companheira), que acaba de lançar esses produtos no mercado.
O caso está a dividir o país, com a principal força de oposição, o PAICV, a vir a público pedir a demissão do vice-primeiro ministro, Olavo Correia, que acumula anda o cargo de ministro das Finanças. Só que o primeiro-ministro, Ulisses correia e Silva, quebrou o silêncio nesta matéria para manifestar confiança em Olavo Correia.
“Que tirem o cavalinho da chuva, que isso não vai acontecer. A oposição não é responsável pela composição do Governo e não vamos dar respostas, uma vez que pretendem desestabilizar o Governo” disse, o chefe do Executivo cabo-verdiano, afirmando de seguida que o vice-primeiro ministro vai continuar no Governo. A afirmação foi feita depois de receber em audiência o presidente da Assembleia da República de Portugal, Ferro Rodrigues, que esteve de visita oficial a Cabo Verde durante dois dias.
Para o primeiro-ministro, Olavo Correia não violou nenhuma lei para favorecer uma empresa na qual for gestor, quando, acentuou Ulisses Correia e Silva, existe uma ligação maldosa no sentido de provocar essa relação de causa efeito entre a lei e a pessoa. “Eu não tenho de falar em função daquilo que a oposição quer. O que tenho a dizer é que se trata de uma cabala política claramente motivada por uma lei que foi aprovada pelo parlamento, com os votos do PAICV e há toda uma encenação à volta deste tema, no sentido de incriminar um ministro e membro do Governo, com objectivos políticos partidários muito claros”, disse.
Na origem do pedido de demissão de Olavo Correia, suscitado pelo PAICV, está a informação de que o vice-primeiro ministro declarou ao Tribunal Constitucional, desde 2016, que é accionista do grupo Tecnicil, principal beneficiado, até ao momento, do aumento das taxas de importação de leite, que entrou em vigor em Janeiro deste ano.
Na ocasião, o maior partido da oposição PAICV, através do seu deputado José Sanches, acusou o ministro das Finanças de “falta de ética ao fazer “negócios obscuros” do seu Ministério com uma empresa na qual tem uma participação de 10 %”.
Citado pela Inforpress, o presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID-oposição), António Monteiro, que foi contra a aprovação dessa lei, afirmou que “a justiça deve ser dura” se, de facto, houve tráfico de influência para favorecer a empresa na qual o ministro tem uma participação de 10 %.
Entretanto, a deputada do MpD, partido que sustenta o Governo, Filomena Gonçalves, veio em defesa de Olavo Correia, afirmando que o seu partido tem toda a confiança no ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro que, na sua opinião, “é competente, sério, transparente” e “não faz da política uma profissão”. A deputada, segundo a Inforpress, desafiou o PAICV a provar se a lei foi violada e a avançar para as instâncias “próprias para fazer as denúncias e deixar a justiça trabalhar”.
Foto: Inforpress
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