“A economia alemã registou dois trimestres negativos consecutivos”. Este é o aviso oficial de Ruth Brand, presidente do órgão estatístico, ao avisar que a Alemanha entrou, oficialmente, em recessão.
O Produto Interno Bruto (PIB) caiu para -0,3% em relação aos três meses anteriores, depois das perspetivas iniciais darem como certo uma estagnação e uma fuga à recessão. Já em relação ao período homólogo, o PIB alemão caiu 0,5%.
“Os aumentos contínuos de preços também sobrecarregaram a economia alemã no início do ano. Isso foi particularmente percetível nas despesas de consumo privado, que, no primeiro trimestre de 2023, diminuiu 1,2% em termos de preço, sazonais e calendário”, aponta o Destatis.
A relutância na hora das compras, segundo o órgão estatístico alemão, surgiu em vários sectores de atividade. “Tanto em alimentos e bebidas, como em roupas e calçado, e também móveis. As famílias gastaram menos do que no trimestre anterior”.
Outro destaque vai para a indústria automóvel, um dos principais motores da maior economia europeia. “As famílias compraram menos carros novos, o que se deve, entre outras coisas, à eliminação dos apoios para híbridos plug-in e à redução do apoio para veículos elétricos no início de 2023″, destaca.
Mas não foram só as famílias a optar por guardar mais dinheiro. Os gastos do governo de Olaf Scholz diminuíram em 4,9% quando comparado com o trimestre anterior.
O instituto estatístico da Alemanha aponta que a elevada inflação fez com que os consumidores domésticos e o sector público apertasse o cinto no momento de gastar. No mês de abril, o aumento de preços ainda se situava nos 7,2%.
Ainda assim, nem tudo é negativo para a economia alemã. Os investimentos na construção aumentaram 3,9% no primeiro trimestre do ano, depois de um segundo semestre fraco por conta dos preços. Também os investimentos em equipamentos aumentaram 3,2% entre janeiro e março.
O órgão destaca ainda “impulsos positivos do comércio exterior”. A exportação de bens e serviços cresceu ligeiramente, na ordem dos 0,4%, durante o primeiro trimestre, tendo sido impulsionada pelo comércio de plásticos e produtos metálicos. Já as importações caíram 0,9%, o que permitiu equilibrar um pouco a balança de trocas, tendo-se devido à fraca compra de combustíveis (petróleo bruto e produtos petrolíferos).
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