Dezembro trouxe nova subida da inflação na zona euro, com o indicador a acelerar pelo sexto mês consecutivo e avançando dos máximos fixados em novembro. Segundo a estimativa rápida do Eurostat, o ano deverá fechar com 5,0% de inflação, o que coloca pressão sobre o Banco Central Europeu (BCE) e a política monetária em curso, apontam os especialistas.
A pressão inflacionária na zona da moeda única manteve-se por mais um mês, apesar da expectativa dos mercados de uma ligeira redução, depois de novembro ter trazido novos máximos de 4,9%. Este é também o sexto mês seguido que o indicador se mantém acima do alvo definido pela autoridade monetária europeia, ou seja, 2%.
Já a taxa de inflação subjacente, que descarta a volatilidade dos produtos energéticos, bem como dos alimentares, bebidas e tabaco, manteve-se igual ao registado no mês anterior, 2,6%. Estas componentes, por outro lado, registaram uma variação homóloga de 26% e 3,2%, respetivamente.
A Pantheon Macro projeta que este seja o pico do fenómeno da inflação no Velho Continente, mas alerta que “a descida será lenta e desigual”.
“Olhando para o futuro, continuamos confiantes que a inflação dê um forte passo atrás no início de 2022. Sabemos que a inflação dos bens core irá cair acentuadamente em janeiro, fruto do fim do efeito base criado pelo corte temporário no IVA alemão de 2020. Além disso, suspeitamos que a inflação energética também irá cair, em resultado de efeitos base”, projeta o grupo de análise da Pantheon.
A confirmar-se esta trajetória, “os mercados e o BCE suspirarão de alívio, mas deverá ser de curta duração”, continua a nota. “A inflação energética descerá lentamente e, com a inflação nos bens alimentares aparentemente em crescendo, a leitura da inflação global deverá manter-se elevada durante grande parte deste ano e, seguramente, acima do alvo de 2% do BCE”.
Adicionalmente, o think-tank aponta para um aumento da inflação subjacente a partir do segundo trimestre, dada a recuperação no sector dos serviços.
Esta situação coloca alguma pressão sobre o banco central, argumenta o OANDA, a corretora online. O BCE mantém-se numa “minoria que vê a inflação como transitória”, realça uma nota da empresa, que questiona se este terá tempo de testar se esta avaliação estará correta ou, ao invés, se o organismo optará em breve por se alinhar com os seus homólogos americano e britânico, que anunciaram já uma reversão dos programas de compra de ativos, avançando já ou anunciando para breve subidas das taxas de juro diretoras.
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