Em política monetária, designa-se por “policy mistake” uma situação em que um banco central toma uma decisão precipitada que acaba por se revelar um equívoco, originando mais consequências negativas do que benéficas.

Um exemplo citado frequentemente é o da subida de taxas de juro operada pelo Banco Central Europeu no início de 2011, que teve depois de ser revertida dado o início da crise da dívida.

Vários bancos centrais de “segunda linha” já subiram taxas de juro recentemente, mas agora que se fala na possibilidade de o Banco de Inglaterra e a Reserva Federal (Fed) fazerem o mesmo discute-se se essa será uma boa decisão.

É verdade que a inflação homóloga está em níveis altos, mesmo em máximos de décadas, e que pode ainda subir. Assim, juros mais altos e redução da liquidez disponibilizada ao mercado monetário seria a resposta convencional à subida da inflação, numa tentativa de desacelerar a procura agregada e devolver aos bancos centrais parte das suas ferramentas.

Mas há quem pense de outra forma. Se parte significativa da inflação resulta da evolução dos preços da energia, de dificuldades logísticas e da consequente escassez de matérias-primas e produtos intermédios, é bastante discutível que ter taxas de juro mais altas venha a revelar alguma eficácia – “esta” inflação decorre mais da oferta do que da procura.

Mesmo que tenha êxito em conter parcialmente a inflação, subir juros poderá provocar danos a uma economia que provavelmente não está sobreaquecida. Pelo contrário, encontra-se ainda em recuperação.

No caso britânico, a curva de rendimentos já está ligeiramente invertida em algumas maturidades, o que pode implicar a expectativa de cortes nas taxas de juro para incentivar a economia após as subidas previstas para os próximos meses. Esta situação demonstra que a discussão está bem viva.