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Política norueguesa quer manifestantes de Hong Kong nomeados para Nobel da Paz, mas Pequim não gosta da ideia

Apesar do comité Nobel ser independente do Governo e do parlamento norueguês, as palavras de Guri Melby mereceram a atenção do Governo chinês que disse à deputada para “parar de interferir nos assuntos de Hong Kong e nos assuntos internos da China”.
24 Outubro 2019, 11h03

A luta do povo de Hong Kong pela independência começou há quatro meses, e os desacatos a favor da democracia continuam a impactar o mundo. Após a prisão de alguns manifestantes pró-democracia por rebelião, uma deputada norueguesa sustentou que o esforço do povo devia ser reconhecido.

Por essa razão, Guri Melby, membro do Partido Liberal norueguês, decidiu nomear o povo de Hong Kong para o Prémio Nobel da Paz de 2020. “Nomeei o povo de Hong Kong, que arrisca a sua vida e segurança todos os dias para defender a liberdade de expressão e a democracia fundamental, para o Prémio Nobel da Paz de 2020”, escreveu a política na rede social Twitter.

A mensagem remonta ao dia 15 de outubro, quando Melby visitou o território de Hong Kong. “Espero que isto seja um estímulo adicional para o movimento”, adicionando em outra publicação que ficou “chocada com as histórias de brutalidade policial e impressionada com a coragem dos manifestantes”.

Apesar do comité Nobel ser independente do Governo e do parlamento norueguês, as palavras de Guri Melby mereceram a atenção do Governo chinês.

“Os assuntos de Hong Kong são assuntos internos da China, não permitindo interferência de governos estrangeiros, organizações ou indivíduos. Apelamos à pessoa em questão para exercer caução nas suas palavras e atos (…) e para parar de interferir nos assuntos de Hong Kong e nos assuntos internos da China”, disse a 17 de outubro o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Geng Shuang.

As tensões entre Oslo e Pequim recuam vários anos. Em 2010, a China bloqueou a relação que tinha com a Noruega, suspendeu a negociação de um acordo comercial com o país, e cancelou a importação de salmão norueguês, após o Comité Norueguês do Nobel atribuir o Prémio Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo. Em 2016, a relação entre os dois países melhoraram quando a Noruega decidiu “não apoiar ações que debilitem os interesses chineses”, sendo que a nomeação vai contra esse acordo.

 

No entanto, esta não é a primeira vez que os manifestantes pró-democracia de Hong Kong são nomeados para o Nobel da Paz. Cerca de 12 membros do Congresso norte-americano nomearam os ativistas responsáveis pela ‘Revolução dos Guarda-Chuvas’ para os prémios Nobel em 2018, quatro anos após as manifestações que ficou conhecida pelos guarda-chuvas.

⁠Ao jornal norueguês ‘Aftenposten’, Guri Melby afirmou que “a importância do que eles estão a fazer estende-se para além de Hong Kong, tanto na região como no resto do mundo”. “Específico que a nomeação vai para o movimento que está a fazer com que as manifestações aconteçam. Estive em Hong Kong na semana passada e as pessoas com quem conversei enfatizaram que este é um movimento social”, declarou Melby ao mesmo jornal.

 

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