“Políticas hostis ao investimento” aumentam risco de recessão nos EUA

Os EUA correm 40% de hipóteses de entrarem em recessão este ano, segundo a previsão do JP Morgan. O país também corre o risco de deixar de ser um país amigável para o investimento com o aumento da desconfiança global em relação ao Governo norte-americano.

“Existe um aumento da preocupação com a economia norte-americana”, disse Bruce Kasman, economista-chefe do JP Morgan citado pela “Reuters”. “Se continuarmos por este caminho disruptivo, de políticas hostis ao investimento, penso que os riscos de recessão vão aumentar”.

O risco de recessão pode subir para 50% ou mais se os EUA forem alvo de tarifas retaliatórias, como as anunciadas hoje pela Comissão Europeia.

O estilo da administração Trump pode vir a provocar desconforto nos investidores em injetarem dinheiro no país, recordando que esta confiança demorou muitos anos a construir.

Os cortes em organismos do Estado norte-americano, a par das tarifas, são alguns dos riscos que o país enfrenta. “Tudo isto fazem parte das incertezas que se instalaram na política dos EUA”, afirmou na quarta-feira em conferência de imprensa em Singapura.

O economista destaca que o país tem vivido um “privilégio exorbitante”, pois paga um “custo mais baixo para financiar” os seus défices e dívidas, pois conta com a atratividade do dólar e do fluxo de capitais. Mas tudo isto pode mudar: “eu não subestimaria o riscoo de que tudo isto vai começar a pressionar-nos e tornar-se um problema estrutural nos mercados”.

O banco previa no início do ano uma probabilidade de 30% de recessão. Para o total do ano, prevê um crescimento económico de 2%.

Wall Street tem assistido a um verdadeiro selloff nos últimos dias: os investidores receiam que Donald Trump imponha uma recessão à economia com as tarifas.

Numa sondagem da “Reuters”, 95% dos economistas consultados no Canadá, México e EUA apontam que os riscos de recessão aumentaram com as tarifas de Trump.

Já o Goldman Sachs e o Morgan Stanley reduziram as suas perspetivas de crescimento para este ano: 1,7% e 1,5%, respetivamente.

“Os EUA estabeleceram-se como um país onde as pessoas podem estar confortáveis com o cumprimento da lei, com a integridade do fluxo de informação e confortáveis e, que o Governo não vai, inesperadamente, envolver-se nas regras do jogo”, afirmou Bruce Kasman.