O Credit Suisse, o segundo maior banco helvético, está agora numa corrida contra o tempo para, custe o que custar, acalmar os mercados. Deadline? Tem de o fazer antes da abertura dos mercados, na manhã de segunda-feira e o seu maior rival, o UBS, afigura-se como o seu salvador. Eis o que sabemos até ao momento.
Tanto o Credit Suisse como o UBS tem-se remetido ao silêncio ao longo deste sábado. Mas no domingo esta atitude até pode mudar.
O UBS, maior banco suíço, é visto pelo banco central helvético e pelo regulador dos mercados financeiros suíço como a melhor escolha para adquirir o Credit Suisse. Mas ambas as instituições têm até às 8:00 GMT – quando abrem os mercados na Suíça – para convencer os investidores de que foi encontrada uma boa solução para o frágil Credit Suisse.
Caso não o consigam, o Credit Suisse pode enfrentar uma jornada nos mercados ainda mais negra do que a da passada quarta-feira, 15 de março, quando os seus títulos caíram para um valor mínimo histórico de 1,55 francos suíços. No final dessa sessão, a valorização em bolsa do Credit Suisse estava nuns magros 7 mil milhões de francos suíços, uma migalha quando estamos a falar de um banco que – tal como o UBS – faz parte de um grupo de 30 instituições bancárias consideradas demasiado importantes para que sejam deixadas falir.
Então como pode o Credit Suisse dar garantias e acalmar o mercado? Na noite de sexta-feira, o Financial Times deu o mote, noticiando que o UBS estava em negociações para uma aquisição total ou parcial do seu rival histórico. Fontes citadas pela Reuters acrescentaram que já neste sábado responsáveis do UBS estão a analisar as opções relativas à compra.
https://jornaleconomico.pt/noticias/ubs-a-negociar-compra-do-credit-suisse-1008236
Segundo a agência Bloomberg, que tal como a Reuters também cita fontes não identificadas, o UBS exige que as autoridades suíças entrem com uma garantia contra os riscos envolvidos na operação, incluindo perdas potenciais e riscos legais relacionados com a compra.
Duas outras fontes ouvidas pela Reuters também deram conta que a ideia da garantia pública está em cima da mesa.
Um dos cenários em estudo, sublinha a Bloomberg, seria a de uma reformulação do Credit Suisse para que mantivesse apenas a parte da gestão de activos e gestão de fortunas, sendo que a parte de banca de investimento seria revendida.
https://jornaleconomico.pt/noticias/credit-suisse-e-ubs-rejeitam-fusao-forcada-acoes-do-fustigado-banco-voltam-a-tombar-1007963
As discussões podem andar em torno do destino da sucursal suíça do Credit Suisse que, contrariamente ao resto do grupo, é lucrativa. No ano passado, o Credit Suisse perdeu 7,3 mil milhões de francos suíços. A divisão suíça do Credit Suisse especializou-se na banca de retalho e em créditos às PME e um dos cenários avançados por especialistas esta semana foi a de que poderia ser posta em bolsa.
Segundo a Reuters, os boards dos dois bancos deverão reunir-se, separadamente, ao longo do fim de semana. Uma das fontes da Reuters diz que os reguladores suíços estão a encorajar ambas as partes a fazerem uma fusão, mas nenhum dos bancos o quer fazer.
Na quarta-feira, na sequência da desconfiança dos investidores e dos parceiros do Credit Suisse, o banco central suíço foi forçado a emprestar 50 mil milhões de euros ao banco, uma espécie de garrafa de oxigénio para acalmar os mercados. Não teve impacto por aí além. Hoje mesmo, cinco fontes disseram à Reuters que pelo menos quatro grandes bancos – incluindo o francês Societe Generale e o alemão Deutsche Bank – estão a restringir negócios que envolvam não só o Credit Suisse como títulos do banco de Zurique.
https://jornaleconomico.pt/noticias/blackrock-nega-estar-a-preparar-proposta-rival-para-adquirir-credit-suisse-1008285
Também hoje ficou mais claro que, a existir um futuro para o Credit Suisse, deverá mesmo passar pelo UBS. O gigante fundo norte-americano Blackrock desmentiu hoje uma notícia do Financial Times em como estaria a preparar uma oferta pela totalidade ou parte do Credit Suisse.
Mas as horas até à abertura dos mercados na segunda-feira vão ser tensas. Como escrevia o Financial Times na noite de sexta-feira, o banco central suíço “apoia uma solução simples antes da abertura de segunda-feira”, mas o supervisor também dá conta que não está convencido de que um acordo possa ser alcançado dentro desse prazo.
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