[weglot_switcher]

Porto Santo 2030

Debater o futuro da ilha sem sair do tema turismo é um erro que sistematicamente é repetido nos manifestos de campanha. É fundamental, até por uma questão de estabilidade económica anual e não apenas semestral, uma economia que dependa menos das prestações de serviço. Existe todo um potencial de atractividade fiscal ainda por explorar. As questões relacionadas com as acessibilidades podem, gradualmente, ser atenuadas por imposição do desenvolvimento local.
16 Junho 2020, 07h15

A dada altura, quem vive desde sempre ou escolheu o Porto Santo como sua casa, acaba por achar que os entraves ao desenvolvimento são maiores que a própria ilha, mas não são.
Decorridas duas décadas de um período riquíssimo, em investimento público e privado, acabamos por verificar que a ilha está dotada de infraestruturas que permitiriam em condições normais uma prosperidade económica e social que hoje não existe. É necessário encarar e assumir os problemas planeando a próxima década e isso é uma tarefa que não cabe apenas a uma pessoa ou a um único partido político.

É necessário acima de tudo um lobbie forte, uma concertação política como nunca aconteceu, tendo como base um plano de desenvolvimento para a próxima década. A propaganda de figuras públicas incentivando o turismo nacional é benéfico, mas não chega. O destino “Porto Santo” está arredado dos principais centros de propaganda apesar de, recentemente, termos assistido à melhor propaganda possível por ter sido, tão simplesmente, a primeira praia “desconfinada” na Europa. Todos pudemos ler as críticas positivas da imprensa internacional relativamente à beleza e encanto da ilha.

O Porto Santo nunca conseguiu extrair o máximo proveito do galardão das “7 maravilhas de Portugal”. Temo que voltaremos a não capitalizar esta exposição mediática.
No entanto, debater o futuro da ilha sem sair do tema turismo é um erro que sistematicamente é repetido nos manifestos de campanha. É fundamental, até por uma questão de estabilidade económica anual e não apenas semestral, uma economia que dependa menos das prestações de serviço. Existe todo um potencial de atractividade fiscal ainda por explorar. As questões relacionadas com as acessibilidades podem, gradualmente, ser atenuadas por imposição do desenvolvimento local. Ninguém vai investir num sítio onde não consegue chegar com relativa facilidade e é precisamente aqui que entra a questão do lobbie. Não é descabido, pelo menos para mim, a ideia de um pacto concertado entre os agentes económicos e sociais. Nem só de partidos se faz uma sociedade.

Aponto três objectivos para a década começando pelo “mini” hospital, já referenciado no início do ano pelo actual secretário da saúde. Traria melhores condições de saúde aos locais mas também confiança a quem escolhe o Porto Santo para férias. Uma evacuação, por muito rápida e cómoda que possa ser entre ilhas, faz recuar aqueles que por questões de saúde e idade avançada, ponderam o destino para as suas férias. Chega a ser até caricato a existência de
uma estratégia de destino de saúde e em simultâneo querer captar esse mesmo turista, aquele que eventualmente poderá necessitar de cuidados que não existe resposta actualmente.

A captação de investimento e aumento da população residente estão naturalmente relacionados. Não é possível conceber um modelo económico minimamente estável com a densidade populacional existente. A adoção de políticas de natalidade não será suficiente com o actual quadro social e económico. Com o envelhecimento da população e a procura de melhores oportunidades por parte dos filhos da terra torna-se imperativo ir além do subsídio de dupla insularidade, como acontecia no passado.

É necessário uma certa dose de atrevimento e capacidade de agregação para levar a cabo uma missão que parece impossível, mas não é.

[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/oe2019-municipios/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”895″ slug=”oe2019-municipios” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/oe2019-municipios/thumbnail?version=1545246555553&locale=pt-PT&publisher=www.jornaleconomico.pt” mce-placeholder=”1″]

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.