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Portugal continua a afirmar-se como um país maioritariamente religioso, segundo estudo da Intercampus

A nível mundial, os países com maiores níveis de identificação religiosa são o Paquistão (94%), o Quénia (93%), a Geórgia (93%) e o Iraque (92%). Em contrapartida, países como a China (58%), o Japão (31%) e a Coreia do Sul (23%) lideram as percentagens de ateísmo, o que reflete as distintas dinâmicas culturais e sociais.
25 Julho 2025, 13h47

Um estudo da Intercampus indica que, apesar de queda na Europa, Portugal continua a afirmar-se como um país maioritariamente religioso.

Portugal é assim dos poucos países da Europa Ocidental onde mais de metade da população afirma ser crente e praticante religiosa. Esta é a opinião de 52% dos portugueses, de acordo com a mais recente sondagem global da Associação Gallup International (GIA), realizada pela Intercampus a nível nacional. A análise, que avalia a forma como os cidadãos se posicionam face à religião, foi conduzida em 42 países.

António Salvador, diretor geral da Intercampus, afirma que “num mundo em transformação, onde emergem questões de pertença sociocultural, a religião mantém-se um importante indicador de análise”.

!Apesar da tendência de crescimento do secularismo nas sociedades mais industrializadas, a fé e devoção religiosa continuam a ser fatores estruturantes da identidade de muitas regiões, sobretudo, naquelas em que prevalecem contextos de maior instabilidade social, política ou económica”, sublinha António Salvador.

“Em Portugal, os dados obtidos sublinham o forte papel desempenhado pela religião na perceção dos indivíduos sobre si próprios e em relação ao território no qual se inserem”, acrescenta.

Os resultados do inquérito revelam que, apesar de uma tendência generalizada de afastamento da religião em diversos territórios, em particular nos países com maior desenvolvimento económico, Portugal mantém uma posição singular no contexto europeu, com valores de adesão superiores à média da Europa Ocidental (37%), que se destaca como sendo a região mais secular do estudo, com uma parte significativa dos respondentes (44%) a afirmar não ser religiosa e 11% a considerar ser ateia.

Perante este cenário, Portugal surge, então, como um caso distinto, cujos níveis de fé e devoção religiosa se aproximam mais da média global (55%), com 33% dos inquiridos nacionais a afirmar não ser religioso e apenas 11% a identificar-se como ateus convictos.

A nível mundial, os países com maiores níveis de identificação religiosa são o Paquistão (94%), o Quénia (93%), a Geórgia (93%) e o Iraque (92%). Em contrapartida, países como a China (58%), o Japão (31%) e a Coreia do Sul (23%) lideram as percentagens de ateísmo, o que reflete as distintas dinâmicas culturais e sociais, de acordo com o estudo da Intercampus.

Os dados recolhidos apresentam uma mudança significativa registada nas últimas duas décadas. Em 2005, 68% dos inquiridos a nível global afirmavam ser religiosos. Em 2024, esse número desceu para 5%. Simultaneamente, aumentaram os que dizem não ter ligação à religião (de 21% para 28%) e os que se se identificam como ateus convictos (de 6% para 10%).

O estudo revela, ainda, que o grau de ligação à religião está fortemente associado a fatores como a educação, o género e o nível de rendimento dos países.

As mulheres continuam a identificar-se mais com a religião do que os homens (58% face a 51%). Já a escolaridade surge como um fator inversamente proporcional: 67% das pessoas com menor nível de educação afirmam ter fé, comparando com apenas 50% entre os mais escolarizados. O mesmo padrão é visível quando analisado o rendimento nacional.

Nos países com maior rendimento, apenas 36% dos inquiridos se consideram religiosos, enquanto nas nações com um rendimento baixo, este valor sobe para 78%.

O Inquérito Internacional da Gallup International (EoY), conduzido em Portugal pela Intercampus, foi realizado em 42 países de todo o mundo.

No que toca à dimensão da amostra e ao método de trabalho de campo, foi entrevistado um total de 43.250 pessoas sobre esta questão.

Em cada país, foi entrevistada uma amostra representativa de cerca de 1.000 homens e mulheres entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, quer pessoalmente, quer por telefone ou online.

A margem de erro do inquérito é de ±3-5% para um nível de confiança de 95%.

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