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“Portugal devia aproveitar melhor a ZEE”, diz diretor-geral do sexto maior grupo de transporte marítimo mundial

Jotaro Tamura, managing director da Ocean Network Express Portugal, considerou ainda “existe espaço para desenvolver” a infraestrutura portuária nacional.
ONE Portugal
4 Julho 2019, 07h37

São 1,660,456 quilómetros quadrados de mar, uma área que supera os territórios ucraniano e francês  juntos, e ainda sobram mais de 410 mil quilómetros quadrados – só esta parte equivale a uma área quatro vezes superior ao tamanho de Portugal. Apesar da dimensão, o nosso país parece não estar a capitalizar o potencial da Zona Económica Exclusiva (ZEE) no comércio marítimo.

O japonês Jotaro Tamura, managing director da Ocean Network Express Portugal (ONE Portugal), um grupo de transporte marítimo de contentores, é da opinião que Portugal deveria aproveitar melhor a ZEE. “Hoje em dia, a logística depende muito de terminais que se encontram em posições cruciais. Portugal apenas controla o fluxo das embarcações de partem e que chegam ao país, mas não mais do que isso”, referiu o managing director do sexto maior grupo de transporte marítimo de contentores do mundo, com uma capacidade de 1,44 milhões de TEU. “Isto é algo em que Portugal precisa de trabalhar mais”.

Este desaproveitamento da ZEE torna-se mais marcante caso se tenha em consideração que “Portugal é geograficamente um local estratégico para o comércio marítimo”, disse o japonês que controla uma frota de cerca de 240 navios. “Portugal está num cruzamento para o comércio marítimo e há navios em todas as direções”.

Além disso, “o país tem o Atlântico e está próximo do Mediterrâneo, da costa africana e da América do Norte”, reforçou Jotaro Tamura, que se deslocou a Lisboa para assinalar o primeiro ano de existência da joint-venture da ONE Portugal com a Garland, uma empresa de transportes, navegação e logística portuguesa mais antiga que os Estados Unidos da América.

Olhando para a infraestrutura portuária nacional, Jotaro Tamura, considera que “existe espaço para desenvolver”. E deu o mote: “olhando para os portos de Roterdão e da Antuérpia, verifica-se que não servem apenas os mercados domésticos, além de terem ligações com o interior”. “A estratégia deles é servir essas áreas”, explicou.

Na mesma linha, Isabel Azeredo, country manager da ONE Portugal, também disse que “precisamos aumentar a capacidade dos portos, adequando as infraestruturas e equipamentos ao aumento da dimensão dos navios”, e frisou o objetivo de “trazer navios de maior capacidade, quer para Lisboa, quer para Leixões”.

Nascida no primeiro dia de abril de 2018, a ONE Portugal surgiu de uma joint-venture entre empresas portuguesas e japonesas. A ONE nasceu da fusão entre os três maiores armadores japoneses – Kawasaki Kisen Kaisha (K. Line), Mitsui O.S.K. Lines e Nippon Yusen Kabushiki Kaisha -, mas há largos anos que desenvolvia parcerias em Portugal com a Garlan (com a K. Line), colaborações que depois evoluíram para a uma joint-venture, criando a ONE Portugal.

No primeiro ano de atividade, findo em março de 2019, depois dos “desafios de integração e de estabilização” da ONE Portugal, o break even está próximo, apesar do crescimento operacional de 30%, face ao período homólogo, ao transportar 60 mil TEU em Portugal.

A ONE Portugal, que manteve os serviços anteriormente disponibilizados pela K. Line, quer reforçar o “legado”, explicou Jotaro Tamura. “Portugal é um país no qual o legado poderia ter feito melhor e é um país onde consideramos poder fazer muito mais”, reforçou o gestor japonês.

Parte da aposta futura passa pela expansão do serviço deep sea, em que Portugal cresceu para o Estados Unidos e o extremo Oriente. “Queremos continuar a contribuir para o crescimento das exportações, ajudando a nossa indústria”, salientou Isabel Azeredo.

 

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