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Portugal devia “estar orgulhoso” de ter Mário Centeno no Eurogrupo, diz Moscovici

O ministro português é o «Ronaldo das Finanças»? “É claro que ele já marcou alguns golos”, diz o comissário europeu dos Assuntos Económicos à agência Lusa.
  • Reuters
9 Outubro 2019, 09h03

O comissário europeu dos Assuntos Económicos defendeu esta quarta-feira que Portugal “deveria estar orgulhoso” por ter Mário Centeno à frente do Eurogrupo, mas apontou que o responsável português tem como desafio criar um “orçamento ideal” para a zona euro.

“Penso que Portugal deveria estar orgulhoso de ter a presidência do Eurogrupo com ele [Mário Centeno]”, afirmou em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, Pierre Moscovici.

Prestes a terminar o mandato, o socialista francês apontou ter trabalhado, nestes cinco anos, “em condições bastante favoráveis” com Mário Centeno, tanto enquanto ministro português das Finanças, como na liderança do Eurogrupo, que assumiu em dezembro de 2017.

Questionado sobre se considera Centeno como o “Ronaldo das Finanças”, como já foi apelidado, Pierre Moscovici afirmou não ser “comentador desportivo”. Mas, acrescentou, “é claro que ele já marcou alguns golos”.

“Quando um país tem sucesso, isso deve-se, em primeiro lugar, às pessoas, aos portugueses, que são formidáveis e sabem receber muito bem”, mas também “à liderança de António Costa [primeiro-ministro] e também à boa conduta de Mário Centeno”, observou.

O comissário francês acrescentou que “sem políticas fiscais e de incentivo ao investimento Portugal não estaria como está”, análise que disse ser imparcial, apesar de ambos os responsáveis — Costa e Centeno — serem seus “amigos pessoais”.

Antigo ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici está prestes a terminar o mandato de comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, cargo que assumiu em 2014, dado não fazer parte do novo executivo comunitário liderado pela alemã Ursula von der Leyen e que entra em funções no início de novembro.

Fazendo um balanço deste período, o responsável admitiu que não conseguiu fazer tudo o que queria. “Uma questão que penso estar inacabada é que ainda não temos um orçamento para a zona euro e eu lutei sempre por isso”, realçou.

Hoje, reunido no Luxemburgo, o Eurogrupo discute a criação de um Instrumento Orçamental para a Convergência e a Competitividade (BICC, sigla em inglês), medida que Pierre Moscovici classificou como um “passo na direção certa”.

Contudo, “ainda não é o orçamento ideal”, disse o comissário europeu à Lusa, defendendo que os ministros das Finanças da zona euro devem ser “mais ambiciosos” para criar um instrumento “que tenha uma função de estabilização, maior governança democrática e uma maior dimensão.

Para Pierre Moscovici, neste mandato falhou também a criação de impostos digitais para empresas que, embora não tenham presença física em certos países da União Europeia, operem na região através da internet.

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