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Portugal e Espanha reafirmam metas do hidrogénio

Península Ibérica tem a possibilidade de ter hidrogénio renovável mais do que outras partes da Europa, mas é necessário continuar a trabalhar para o resto do bloco, que será o grande consumidor.
3 Julho 2024, 12h37
Em atualização

Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, e Teresa Ribera, ministra espanhola da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, anunciaram esta quarta-feira, 3 de julho, em conferência de imprensa conjunta que os dois países ibéricos mantêm as metas traçadas para o hidrogénio.

“O nosso compromisso é cumprir o calendário estabelecido”, afirmou Maria Graça Carvalho, salientando que a “Europa faz bem em ser ambiciosa em relação ao hidrogénio” e que Portugal e Espanha tudo farão para “continuar a apoiar estes projetos”.

Numa primeira fase, referiu, o hidrogénio vai consumido perto de onde é produzido, razão porque há a necessidade de atrair indústrias, como fertilizantes e aço verde. Adiantou que a Península Ibérica tem a possibilidade de ter hidrogénio renovável mais do que outras partes da Europa, mas é necessário continuar a trabalhar para o resto da Europa, que será a grande consumidora. Sobre as interconexões em que a França tem sido o fator bloqueador, Maria da Graça Carvalho e Teresa Rivera dissera ter acertado uma estratégia conjunta de presenças em todas as reuniões sobre o assunto, bem como fazer dele uma questão europeia.

Este foi o terceiro encontro entre as duas ministras da Península Ibérica. Neste encontro, que decorreu em Lisboa, houve três temas fulcrantes da atualidade ambiental e energética em discussão: hidrogénio, água e biodiversidade.

A questão da água teve essencialmente a ver com a tomada de água no Pomarão, no concelho de Mértola, e os caudais ecológicos do rio Tejo.

Maria da Graça Carvalho disse que há um “princípio de equidade” previsto no acordo que os dois países esperam fechar em setembro. No acordo, adiantou, espera-se que fiquem fechadas todas as autorizações que Portugal precisa do lado de Espanha, no que diz respeito ao Pomarão, e já na questão do rio Tejo, passa-se o contrário, isto é, a autorização de Portugal aos projetos que estão a ser planeados em Espanha, nomeadamente a instalação de duas centrais hidroelétricas reversíveis (bombagem para montante) na barragem de Alcântara e de Valdecañas por parte da Iberdrola.

Por seu turno, Teresa Ribera revelou que não está em cima da mesa aumentar as explorações de regadio do lado de Espanha, conforme pretendido por algumas comunidades, como a Andaluzia.

No que diz respeito ao Tejo, Portugal está também a pedir a verificação do caudal ecológico diário, que é algo que o país nunca conseguiu, explicou a ministra.

Maria da Graça Carvalho disse aos jornalistas que o tema do Alqueva não foi discutido agora com Teresa Ribera, dado que já existe um acordo entre Portugal e Espanha e que tem vindo a ser desenvolvido trabalho técnico pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), pela Direção-Geral competente e pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA).

Segundo uma investigação recente da RTP, cada uma das 40 captações espanholas no Alqueva gasta, por dia, o equivalente ao consumo de um casal num ano sem pagar um cêntimo a Portugal, o que coloca em questão mais de 40 milhões de euros.

A questão de fundos para novas infraestruturas também foi abordada na reunião. Nos últimos tempos tem vindo a ser apontada a necessidade de uma dessalinizadora na costa Atlântica do Alentejo. Mas para isso, disse Maria da Graça Carvalho, é preciso financiamento. “A Espanha tem 1.000 milhões de euros no PRR para a água, infelizmente nós não temos, só temos cerca de 200 milhões no Algarve. Para fazer face a esta falta de financiamento, vamos olhar para outros fundos e uma das possibilidades é o Banco Europeu de Investimento, para projetos conjuntos com Espanha poderá ser muito interessante”, afirmou.

A cooperação entre Portugal e Espanha estende-se à biodiversidade, nomeadamente à proteção do lince ibérico e proteção de áreas marinhas.  “Iremos cooperar”, salientou Maria da Graça Carvalho.

 

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