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“Portugal é um investidor importante e há outros países europeus interessados”

O custo da energia em Cabo Verde é um dos mais altos do mundo. A dependência dos combustíveis fósseis e do exterior contribuem para uma conta demasiado salgada.
23 Novembro 2019, 19h00

O custo da energia em Cabo Verde é um dos mais altos do mundo. A dependência dos combustíveis fósseis e do exterior contribuem para uma conta demasiado salgada. Para mudar esse cenário, o governo do país quer chegar a 100% de participação das fontes renováveis em 2040. Em visita a Portugal em novembro, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, falou ao África Capital.

 

A energia em Cabo Verde é uma das mais caras do mundo. Quais são os motivos para esse custo elevado?
Somos dependentes a quase 100% dos combustíveis fósseis e, portanto, estamos sujeitos à fixação e às alterações dos preços internacionais. Além disso, somos um país pequeno e arquipelágico, o que significa que temos mercados fragmentados, o que torna o custo da energia mais elevado. Por isso, estamos a apostar fortemente nas energias renováveis, sobretudo no aumento da penetração das energias solar e eólica.

 

Cabo Verde tem perspetivas de desenvolvimento de projetos baseados em outras fontes?
Essencialmente, estamos a trabalhar com as fontes solar e eólica. Neste momento, temos cerca de 20,5% de penetração dessas energias. Nossa meta é chegar a 30% em 2025, 50% em 2030 e aos 100% em 2040. É a meta para podermos não só reduzir nossa dependência externa como também contribuir para a descarbonização e redução do efeito estufa. Estamos a introduzir também a mobilidade elétrica, por meio da substituição progressiva de viaturas movidas a combustível por veículos elétricos.

 

Há programas de cooperação no setor com outros países de África?
Sim, em Cabo Verde está sediada uma entidade que representa os países da África Ocidental [Centro para as Energias Renováveis e a Eficiência Energética, CEREE]. É através dessa entidade que fazemos a maior parte das colaborações. Portugal é um dos nossos grandes parceiros institucionais. Temos também investidores privados. Quando eu digo que queremos chegar a 50% de penetração de energias renováveis em 2030, dois terços do investimento de cerca de 400 milhões de euros necessário serão privados.

 

Quais são os principais entraves ao crescimento dos projetos baseados em energia limpa no país?
Temos construído um quadro favorável, não só em termos de investimento como também de incentivos fiscais, financeiros e aduaneiros. São benefícios para que as empresas possam colocar a sua produção nas redes de abastecimento. Temos um mercado regulado, o que faz com que haja confiança, estabilidade e previsibilidade na relação com os produtores, o governo e outras entidades. De qualquer forma, é um quadro de desenvolvimento progressivo, a ser acompanhado pelo desenvolvimento de políticas e atração de investimentos.

 

A China é um importante parceiro comercial de Cabo Verde. No setor de energias renováveis há investimentos em curso?
Ainda não há muito investimento chinês no setor das energias renováveis em Cabo Verde. Somos um mercado aberto e os concursos para a instalação de centrais fotovoltaicas e eólicas são feitos por concurso público. Em termos de investimento estrangeiro, Portugal é um investidor importante e há outros países europeus interessados.

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