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Portugal em risco de incumprimento das novas metas de reciclagem

O vidro continua a merecer particular preocupação, diz a Sociedade Ponto Verde, já que se registou um aumento apenas de 1%, ou seja, 213.870 toneladas depositadas no vidrão em 2024.
17 Janeiro 2025, 09h41

Os portugueses, em 2024, encaminharam para reciclagem um total de 476.605 toneladas de embalagens, o que significa um aumento de 4% face ao período homólogo. Mas ainda assim fica aquém da nova meta definida para este fluxo de resíduos urbanos e que é necessário atingir em 2025, diz a Sociedade Ponto Verde.

O papel/cartão e o plástico mantêm-se como os materiais com melhor desempenho, com o primeiro a ter aumentado 6%, o que se traduz em 158.146 toneladas encaminhadas para reciclagem, e o segundo 5%, ou seja, 85.548 toneladas recolhidas no último ano.

O vidro continua a merecer particular preocupação, diz a Sociedade Ponto Verde, já que o seu ritmo de crescimento continua aquém da meta, tendo-se verificado um aumento apenas de 1%, ou seja, 213.870 toneladas depositadas no vidrão. “Para o aumento deste material é fundamental que sejam implementadas soluções específicas, com a adaptação de ecopontos às necessidades dos estabelecimentos HORECA, como o baldeamento assistido, que são facilitadores na deposição e envio para reciclagem”, recomenda a SPV.

Durante este ano, o país terá de garantir a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado, bem acima da taxa de retoma que foi de 57,8% (apuramento preliminar) em 2024. O que significa que “temos de tornar o sistema mais eficiente para atingir as novas metas”, refere a Ponto Verde.

Em 2025, o sistema de recolha contará com mais 113 milhões de euros que resultam da decisão do Governo de aumentar os valores das contrapartidas para financiar o SIGRE – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens, num total estimado de 235 milhões de euros só para a gestão dos resíduos de embalagens este ano. Em 2024 o valor era 122 milhões de euros.

Este montante é pago pelas entidades gestoras de resíduos de embalagens aos Sistemas Municipais, Intermunicipais e concessões, para procederem à recolha seletiva de resíduos urbanos de embalagens, que asseguram a triagem e pré-preparação para reciclagem destes resíduos nos seus diferentes materiais (como vidro, plástico ou papel/cartão).

A Sociedade Ponto Verde considera que o aumento de verbas por parte do Governo “uma oportunidade única para aumentar a performance de todo o sistema e colocar Portugal na rota do cumprimento das metas da reciclagem de embalagens, cabendo às autoridades garantir a eficiência da operação”.

“A injeção de mais 113 milhões tem de traduzir-se na melhoria significativa do nível de serviço que é prestado aos cidadãos por parte dos sistemas municipais e multimunicipais na recolha, numa operação que deve ser cada vez mais orientada para a conveniência, assegurando, no final, a recolha de mais embalagens e o seu encaminhamento para reciclagem”, defende a instituição.

“Complementar o modelo de recolha por ecopontos com sistemas de incentivo, porta-a-porta ou pay as you throw (payt), permitindo este ter noção do valor pago em função do consumo, são soluções já identificadas para permitirem uma melhor capacidade de resposta, com a entrada de mais embalagens no sistema de reciclagem” refere a SPV.

A Sociedade Ponto Verde diz mesmo que “este esforço para um sistema cada vez mais eficiente significa também uma maior articulação e colaboração entre todos os parceiros e partes interessadas desta cadeia de valor, levando ao cumprimento das metas estabelecidas para 2025”.

A CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais, citada no comunicado diz que “o ano de 2025 tem de ser de viragem na recolha seletiva das embalagens”.

“Com mais fundos à disposição do sistema esperamos mais recolha e reciclagem destes resíduos, assim como uma atenção permanente das autoridades à forma como evolui a performance de toda a operação”, acrescenta Ana Trigo de Morais.

A gestora diz mesmo que “é fundamental resolver os problemas existentes, que estão bem identificados, ao nível da prestação do serviço ao cidadão”.

“A Sociedade Ponto Verde mantém a sua postura de colaboração, promovendo a economia circular e soluções com base na inovação e na conveniência para o consumidor”, conclui.

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